quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Tokaji uma história de superação e sabor

Falar do Tokaji, é sempre falar de história e sabores únicos, do vinho mais famoso da Hungria, sobreviveu ao regime comunista e a Segunda Guerra Mundial. Um vinho que merece respeito e considerações que outrora vieram dos reis e dos grandes escritores e filósofos do mundo, como Voltaire,Rabelais e Goethe que procuravam inspirações neste vinho atribuindo a ele poderes criativos.
As vinhas situam-se a poucos km das fronteiras com a Eslováquia e Ucrânia, e cobrem 5000 hectares de encostas voltadas sobretudo ao Sul. Os rios Bodrog e Tisza dominam a planície e criam condições climatéricas especificas que permitem que as castas nativas Furmint e Hárslevelü concentrem seu conteúdo de açucar necessários para fazer o famoso vinho no Outono, como resultado da Botritys Cinérea ou apenas deixando as uvas secarem nas cepas.
Vários são os fatores que influenciam nos sabores excepicionais do TOKAJI AZSU , as castas de uvas escolhidas, o solo vulcânico, o clima , a vinificação clássica e o armazenamento deste ouro líquidos faz deste vinho um dos mais conhecidos,caros e especiais vinhos doces do mundo.

Este vinho sobreviveu a filoxera nos finais do século 19 e enquanto tinha suas vinhas replantadas, o país sofria de grandes transformações politicas desde a proclamação da republica,até reforma agrárias em 1945 e o fim do comunismo em 1989.


Obviamente que todo o processo acima atrasou e dificultou o desenvolvimento dos vinhos na Hungria...o regime comunista nacionalizou as vinhas e passaram a ser administradas por cooperativas, o que levou a queda na qualidade do vinho, para níveis nunca vistos, pasteurização, acréscimo de álcool na fermentação deixaram os vinhos com sabores oxidados e passaram a ser vinhos correntes e exportados sobretudo para a União Sovietica em troca de gás natural.

Por sorte, investidores de grandes casas vinícolas da Europa, passaram a administrar e produzir vinhos nas Hungria e lutarem pela qualidade do vinho original.


Vinificação:

O Tokaji Aszu é feito de forma única, as uvas já muito maduras de Furmint,  Hárslevelü e Muscat Lunel. afetadas pelo fungo Botrytis cinérea são apanhadas uma a uma e colocadas em pequenas cubas ( puttonyos ) entre 3 a 6 de 25 kg. A trituração das uvas produz uma pasta seca chamada Azsu, depois o numero desejado de puttonyos  ( que determina o nível de doçura do vinho) é acrescentado a 136 litros de mosto fresco de uva branca.
Quanto mais puttonyos forem usados mais doce será o vinho, que irá no rótulo das garrafas . Depois de esmagado e prensado, o vinho é amadurecido em pequenas barricas de madeira durante 5 a 7 anos e mais tarde engarrafados em garrafas brancas de 50cl.


São vinhos concentrados e ricos em sabores com uma acidez acentuada que confere ao vinho uma harmonia perfeita, a gama de aromas entre passas, ameixas, mel e alperce deixa o vinho estonteante e e perfeito e sua harmonização explode com bolo de avelãs, torta de alperce, queijo roquefort e nozes verdes.

Dito isso, agora só falta conhece-lo , de várias gamas até o aszu essência que tem um açucar residual de 650 gramas por litro e amadurece em barrica por dez anos, a Szamorodni que é uma gama mais simples que tem vinhos mais secos (Szarás),  meio secos e doces chamados de edes que tem preços mais convidativos porém não são afetados pela Botritys.

Boa Degustação!!!!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Banyuls o rei dos doces e naturais

O Majestoso pico de Canigou atraíram Romanos,Gregos, Iberos a costa de Rossillon a cerca de 600 anos a.C, os Gregos que lá chegaram introduziram quase que de imediato a sua viticultura.Os terraços de xisto e a ponta francesa da Costa brava davam origem a vinhos fortes e muito ricos em açúcar,dos quais os romanos eram grandes apreciadores.

Mas foi no reino de Maiorca que a produção de vinhos tomou forma mais a sério, e sob reino de Maiorca que Jaime o Conquistador  forjara em 1276 a partir de Baleares, Roussillon e Montpellier para seu filho mais novo, cujo as vocações eram voltadas para a paz e arte, e foi neste cenário que 9 anos depois o médico Arnaldo de Vilanova, conseguiu destilar álcool do vinho, usando assim este feito para experiências e são estas experiências que dão origem ao que provavelmente foi o primeiro vinho fortificado do mundo ( pasmem não estamos falando  do vinho do Porto) foi nas quintas do Templários que Arnaldo de Vilanova usando uma receita árabe cria o eau-de-vie, nome dado devida aos efeitos de excitação da bebida.

Não muito mais tarde nestas experiências Arnaldo descobre que se usar este ácool no vinho ele pararia o processo de fermentação, deixando o açúcar residual (sim já sabemos que o vinho do Porto é a DOC mais antiga do mundo, pois foi legislado na altura certa, mas apesar do processo ter acontecido antes, pelas mãos do médico e famoso erudito citado acima).

Foi assim que nasceu o vin-doux-naturel (VDN) vinho doce natural,esse método chamado Mutage assegurou a estes vinhos duráveis um sucesso considerável na idade média...acho que muitas festinhas medievais foram regadas e estes vinhos ;)

Nascido e
m Roussillon François Aragon (astrónomo e politico)conseguiu atingir a características especiais do vin doux naturel reconhecido legalmente em 1872 e seguiu-se uma denominação em 1936.

As encostas e terraços secos de Roussilon são reservadas para os VDN ,as uvas tem que te desenvolvimentominimo de 225 gr de açucar por litro o que corresponde a 14,4% de teor alcoólico
As castas principais permitidas (Muscat, Macabeo, Malvoisie e Grenache) está ultimamais precisamente Grenache Noir.

Os Banyuls são envelhecidos em grandes tonéis,nos quais são expostos intencionalmente a oxidação, ao ar livre a oxidação forçada de modo radical ajuda a desdobrar os complexos aromas que na primeira fase de envelhecimento sabem a frutos cozidos,figos frescos,cerejas cristalizadas ,por volta do sétimo ano traz aromas tostados,caramelos ,cacauu,café e mais tarde tabaco até que finalmente após 15 a 20 anos aparecem com tons de rancio os mesmos que encontramos em cognac muito velho, xerezes velhos e secos.

Pois é meus caros há um mundo sobre o mundo dos vinhos fortificados e desvenda-los é quase uma arte tão complexa quanto foi cria-los


Boa Degustação!!!!

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A vida em Portugal

Ufa que faz tempo que não escrevo aqui...acho que estava pensando em coisas e em coisas que vão além do vinho, estava pensando por que não falar de gastronomia?Fotografia? Cinema?Quero falar de amor e vinha =) de dia a dia, bicicleta e mosto ...toda a Alquimia de Baco, toda a fantasia de chegar onde cheguei...então vamos a isso?
Já faz 3 meses que cheguei definitivamente a Portugal, não posso esquecer como este processo foi díficil e doloroso, sim morar fora tem tudo menos o glamour que todos pensam que tem...é muito proximo em ser sommelier...algo que todos pensam que é lindo, mas só eu sei o quanto custa ficar longe das pessoas que deixei no Brasil e me dedicar ao vinho, a vida na Europa, outra cultura...outra sintase e semântica...bom por aqui tudo anda bem, ando ajeitando o meu caminho e surpreendendo o sol ...sim ando sonhando acordada e despertando com o vento da vinha no rosto ...Portugal tira de mim o meu melhor, mais sei que o preço é caro...Baco tem tantos segredos e confesso que desvenda-los é uma arte...o que pensava o Deus  Pagão quando criou o vinho?Em mulheres?Com certeza para inventar uma bebida tão complexa.Em liberdade de expressão, em alma?E por falar nisso...minha alma anda inquieta nestes dias...procurando arte em todos os cantos, não consigo pensar na vida se não for colorida e se for para ser em Preto e Branco que seja em LOMO ...A arte de sentir e ser!!! Regado a vinho e aos brindes que a vida dá... mas por falar nisso...decidi que já que este blog é meu,vou fazer dele meu cantinho preferido...sendo menos tecnica e mais aberta as sensações...ai como os 31 anos são bem vindos, a gente se desprende dos medos e se torna mais livres, poéticos e literários e don´t worry ...be happy !!!


Sobre todos os momentos, tenho que dizer que me sinto feliz com toda esta confusão que está a minha vida sim ...temos o Edgard,temos uma casinha no Alentejo...e vou todos os dias para o trabalho com um vista no minimo fabulosa, e estou cozinhando mais, lendo mais, sorrindo mais,degustando sempre....seria o melhor momento da vida? Não tem como saber, afinal a vida acontece quando a gente menos espera...certo?

E se já dizia o Poeta...felicidade a gente encontra é nas horinhas de descuido...não se preocupem que ando me descuidando =)


Boa Degustação!!!!




segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Visita a Quinta do Convento

Quinta do Convento

Ano passado estive em Portugal e pude visitar a vinícola Quinta do Convento onde fui muito bem recebida e realizamos uma degustação vertical muito interessante.A Quinta que é conhecida por ter história em suas terras,e sua adega exemplar em pedra localizada no meio da vindima,mandada construir pelo Visconde de Chaceleiros foi recuperada e adaptada as modernas técnicas de vinificação.



A Quinta guarda em seus jardins islâmicos, memórias do final do século X.é muito agradável andar pelas vindimas e encontrar a cada esquina um pouco de história,muito bem preservadas.

CAPELAS E ERMIDAS DO CONVENTO

A amenidade e beleza do local convidam a uma caminhada até ao mirante para ver o mar, e se a visibilidade for boa, as Berlengas, descansando naquelas pequenas ermidas que promovem a contemplação ou nos bancos, observando nichos e fontes que revelam o crescente gosto pelo luxo nos séculos XVI e XVll.
"Obra coriosa e devota que serve de mirante para a banda do Norte, desde onde se descortina todo o terreno que vai até Peniche, e mais terras circunvizinhas em roda. Tem a mesma cerca outra Ermida de N.Sra. da Nazareth também de meia laranja que fica em hua via interior coberta de arvores frondosas que fazem a deliciosa, com os seus assentos junto da Ermida, e pavimento de xadrez de várias pedras miúdas, o que tudo faz o sitio aprazível e visttoso " Tem mais a Serca duas Ermidass, hua pegada á outra: a que fica superior sem suficiente Ambito, também de meia laranja é dedicada a O Sto Onofre; a que fica em baixo tem mais a forma de gruta que de Capella por ser formada por dous grandes penedos natuaes, que acabão num ângulo agudo, dedicada a Santa Maria Madalena. He de admirar que com toda a circunferência da cerca que he bastante grande, nem huma só arvore tenha brotado para fora dos muros, nem arruinado hum palmo delles, estando muitas vezes contíguas a elle".
In Archivo do Convento- Descrição do Convento

Os vinhos:

Na degustação pode-se perceber claramente de bom gosto,tem tanínos macios,são redondos e bem elaborados,mas ainda falta ousadia,porém são vinhos convidativos e interessantes,até mesmo gastronomicos,para o dia a dia estão prontos.Gostei muito de prova-los ainda mais na atmosfera agradável da vinícola.
Então se estiver por Lisboa e quiser conhecer um ótimo sítio para degustar vinho e história, recomendo a Quinta dos Conventos e terá com certeza uma boa degustação!!!!