sábado, 12 de maio de 2012

Os vinhos femininos


Acho que temos de concordar que as mulheres são mais fortes que os homens, certo?  :o)

Chateau Margaux, Musigny e Barbaresco, apesar de serem vinhos conhecidos por sua força e presença, são considerados vinhos femininos... então melhor tratarmos por Madame Chateau Margaux, Sra. Musigny e Lady Barbaresco.

Estes vinhos mantém a elegância sem brutalidade, o que os diferencia dos outros vinhos das mesmas regiões, no caso, os bordaleses Chateau Latour e Latife, dos borgonhas Chambertin e Clos Vougeot e do Barolo do Piemonte, que podem sim ser denominados como masculinos.

A melhor forma de explicar o conceito de vinho feminino é a frase do diretor técnico do Chateu Margaux, Paul Pontallier: "é preciso saber diferenciar força de brutalidade". Ele é o responsável por manter a característica intensa e elegante deste fenomenal vinho.

No meio de vinículas dominadas por homens é interessante admitir a existência dos vinhos femininos, que não contém nada de suaves. Temos que acabar de uma vez com este conceito de sexo frágil, e o vinho é com certeza a melhor forma de ilustrarmos isto.

Se assim como um bom vinho alguns homens melhoram com a idade, nós mulheres podemos dizer que com a idade ganhamos força, elegância, maturidade e intensidade.

O vinho é uma bebida sofisticada, o que não significa ser elitista. Vinhos têm personalidade, essência e até mesmo sexualidade... não é coisa de anjo, é coisa de deuses, nasceu como o sangue da terra, se reproduz, se transforma, ganha o auge, conquista, enamora-se e morre. Nesta vida útil, o vinho feminino marca-se nos paladares mais desenvolvidos, e estudos também indicam que as mulheres têm o paladar e olfato mais desenvolvidos que os homens. 

Não é questão de feminismo, mas sim de homenagear não só as grandes mulheres no mundo do vinho como também os grandes vinhos de expressão feminina.

Sua elaboração e cuidado na produção, desde a uva até o produto final, é algo bem próximo do cuidado de uma mãe com sua cria, todo o zelo e amor desde sua gestação até seu crescimento e desenvolvimento... aí está uma boa explicação para o toque e a influência feminina nos vinhos.

Boa degustação! E feliz Dia das Mães!


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Artigos de segunda mão a preços de artigos de luxo


Vamos falar de impostos, neste caso sobre o aumento de impostos de importação do vinho Europeu, que atinge o consumidor como uma paulada ou um gole de Liebfraumilch. 

Essa ressaca é sua, é minha, é dos amantes do bom vinho e dos que cultivam a cultura do vinho em um país que está, neste momento, dificultando ao máximo a entrada do vinho europeu. O que estava difícil vai ficar ainda pior, e adivinhe quem pagará este preço? 

O aumento dos impostos do vinho é quase uma aberração, pois para proteger o mercado interno o governo aumentará taxas que já são abusivas para ficarem ainda piores.

É compreensível, até certo, ponto a preocupação do governo: numa economia normal, um país importa e exporta produtos, e uma balança comercial saudável se dá quando há mais exportações. Simples.

Quando há muita importação em um determinado segmento que também é produzido no país, as importações podem prejudicar a produção nacional, então todo governo toma medidas para conter a importação e ajudar a economia local. Ok, é compreensível e louvável.

O problema é que no geral a produção de produtos dentro do Brasil tem um nível de qualidade inferior ao do exterior para produtos similares, então gera-se um impasse: liberar a importação de produtos muito melhores e com preços muito mais baratos irá destruir a produção brasileira... mas ao barrar os importados protegendo o nacional irá blindar um mercado que é mais caro e com menos qualidade, obrigando o brasileiro a comprar produtos as vezes capengas por um preço absurdo.

Aí começa o grande circo, já que quem paga é sempre o consumidor. O comércio de vinho depende deste giro, mas infelizmente o governo brasileiro acredita que aumentar o valor do imposto do vinho importado vai ajudar o mercado interno. 

O imposto de vinhos importados, principalmente europeus, saltará de 27% para 55%, e o que era caro vai ficar absurdamente mais caro, dificultando assim o comércio do vinho europeu no Brasil.

Portugal, que é o 4º maior exportador de vinhos para o Brasil em volume e o 5º maior em valor, e que entre 2006 e 2011 tem aumentado suas vendas em 7% ao ano, está se armando contra a medida de salvaguarda, para proteger suas vendas do aumento das taxas. 

Itália, Portugal e França são os maiores lesados com esta situação, e isso precisa mudar... esperamos que esta negociação dê certo, pois o maior lesado nesta situação no fim é o próprio consumidor.

Não sou contra a produção nacional, mas acho que para o mercado ser competitivo tem de haver bons produtos, e isso se faz através da concorrência com produtos importados.

Mas este novo imposto é absurdamente burro, pois o mercado viticultor do Brasil só melhorou por causa da importação, obrigando os produtores a saírem da zona de conforto, obrigando a se modernizarem, se atualizarem e investirem em desenvolvimento para uma melhor produção de vinho... mas a que preço? 

Uma garrafa de um bom vinho no Brasil custa em média de R$80,00 a R$150,00, ao passo que um bom vinho europeu custa, na Europa, de 10,00 euros a 40,00 euros (e existem vinhos interessantes a menos de 10,00 euros)... ou seja, um bom vinho europeu, melhor que um vinho brasileiro, custa menos da metade do vinho nacional. Como pode tamanha aberração? Com o preço de um vinho brasileiro bonzinho é possível comprar, na Europa, um excelente vinho das melhores produções. 

É como diz um recente artigo nos EUA, que falava sobre a importação do iPad: o Brasil tem artigos de segunda mão a preços de artigos de luxo.

Mas o imposto sobre vinhos europeus se torna mais bizarro ainda quando se fala dos vinhos da América do Sul, em especial do Chile, já que sua taxa de importação é de 0% graças ao acordo com Mercosul conseguido desde de 2011... então o que muda? O consumidor brasileiro vai se esbaldar com vinho chileno? Uma vez que o vinho nacional não é competitivo e os que são de qualidade estão com os preços extremamente altos, então o que fazer? É preciso existir um senso de equilíbrio entre a importação, a produção nacional e o consumo interno. 

Mas no final o que conta no Brasil é sempre a política da arrecadação de impostos, cada vez mais pesada, com a lógica burra de dificultar todos os lados: produtores estrangeiros, importadores, produtores nacionais e consumidores.

Com a taxa de impostos mais alta do mundo, muito maior que a Dinamarca ou Noruega mas infinitamente distante do padrão de vida que se tem por lá, o Brasil mostra mais uma vez sua cara, assusta e impõe a sensação que todo o esforço em se produzir uma cultura de vinhos e vinhas está um passo atrás mais uma vez. Esperamos que algo seja feito... ou é melhor nos acostumarmos a pagar R$ 140,00 em uma garrafa do Merlot Casa Valduga, vinho até muito interessante mas com um preço nada competitivo.

Para saber mais sobre a noticia da negociação Brasil x Portugal com a medida de salvaguarda, leia a noticia no site Wines of Portugal http://winesofportugal.info/pagina.php?codNode=119092 


Boa degustação... se puder...


quarta-feira, 2 de maio de 2012


A sommeliere Livia Novais está organizando um jantar harmonizado para os amantes de vinhos na quarta feira, dia 9 de maio, a partir das 20:00h, com o apoio do Museu da Gula e a presença confirmada do embaixador da Cava Espanhola Cordoniu.

Reservas pelo telefone do Divino Ristorante: (016) 32342361