terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A grande confusão: Champagnes, Espumantes e Frisantes

Responda rápido: você sabe a diferença entre champagne, espumante e frisante? Então vamos lá...

CHAMPAGNE: é um vinho branco espumante produzido na região francesa de Champagne, daí a bebida levar este nome, e sua produção é feita basicamente das uvas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier (para informações detalhadas, veja o post anterior). Todo champagne é um espumante, mas nem todo espumante é um champagne.

ESPUMANTE: um vinho espumante com alta acidez, produzindo CO2 por dois métodos, o Champenoise (metodo tradicional) e o Charmat (cuba fechada), e sua escala de doçura se iguala a escala usada para os champagnes.

FRISANTE: é um vinho bem simples, tem um sabor mais adocicado (apesar de não ser uma regra), quase sempre gaseificado artificialmente com pressão de CO2 bem mais baixa do que o espumante. O custo de produção é baixo e costumam ser baratos. Um dos frisantes mais conhecidos é o Lambrusco, feito da uva lambrusco na região da Itália chamada Dell Emilia. Na Itália se produz alguns lambruscos de qualidade, porém não preciso contar que eles não chegam no Brasil. Sabe aquela famosa Sidra que você dá todos os anos ao seu porteiro? Sim, é um frisante, mas um fermentado popular feito de maçã e não de uvas e, para a surpresa de alguns desatentos, não é champagne nem em sonhos...

-----------------

OS MÉTODOS

MÉTODO CHAMPENOISE (método tradicional ou clássico): com certeza é considerado aquele com melhor resultado, ocorrendo duas fermentações durante o processo, sendo a segunda na garrafa (mais uma vez, consulte o post anterior sobre champagne, onde explicamos os detalhes deste processo). 

MÉTODO CHARMAT (cuba fechada): após o acréscimo de licor de expedição, sofre uma segunda fermentação em tanques de aço e não em garrafas como no metódo champagne. Depois de resfriados, filtrados e transferidos sob pressão para uma segunda cuba, é adoçado com o licor de expedição e engarrafados. É uma forma mais simples e barata de produção de espumante. No Brasil, a casa Chandon usa o charmat com muito sucesso.

-----------------

OS MELHORES ESPUMANTES (não champagnes)

Praticamente toda região que produz vinho, produz espumantes. Na França, temos os vinhos de Mousseaux, os famosos Crémant (de Bourgogne, de Bordeaux e do Loire), e na Provence, o antecessor do champagne, Blanquette (de Limoux).

Na Alemanha e Áustria, os espumantes SEKT usam a uva Riesling, obtendo uma mineralidade esplêndida.

Na Itália, temos o espumante Franciacorta, que é produzido a partir das uvas Chardonnay e Pinot Blanc, com 15% de Pinot Noir. O rosé deve possuir mais de 15% de Pinot Noir. O Spumanti d’Asti é um vinho espumante produzido na comuna de Asti, no Piemonte. O espumante tem um sabor doce, único, que lembra damasco, almiscar e o suco da uva moscato.

Na Espanha, quem tiver a oportunidade de conhecer Barcelona, além de ver a beleza da cidade, o agito cultural e obras de Gaudi, não deve deixar de degustar o tesouro vinícula da Catalunha, o Cava. O tradicional espumante espanhol é um espumante cheio de história e tradição, e também elaborado pelo metodo do querido monge Dom Perignon, o champenoise.

E no novo mundo? A Austrália, além de ser surpreendente com seus vinhos, também garante uma seleção de espumantes interessantíssimos da terra dos cangurus, como por exemplo o Dominique Portet Yarra Valley, um Brut Rosé feito de Pinot Noir com Chardonnay que tem preço e qualidade. Como também o Chile, a Argentina e a California, produzindo bons espumantes nas grandes vinículas.

E o Brasil... tem surpreendido na arte de fabricar bons espumantes. Considerado o terceiro maior produtor de vinho da América do Sul, as regiões vinículas do país do futebol tem sua concentração de produção de vinhos no sul do país, mais precisamente na Serra Gaúcha devido ao seu clima, e tem se mostrado excelente na produção de espumantes... por exemplo: Cave Geisse, Bueno, Millesseme da Miolo, Estrelas do Brasil, Pizzato, Casa Valduga e Moscateis, que com certeza têm uma qualidade muito próxima ou até igual às das Astis italianas.

Recentemente li na Revista Menu de novembro de 2011 uma matéria sobre a Cave Geisse (para mim um dos melhores espumantes do Brasil), onde o título da matéria era "Garrafas com Historias", e a espumante está entre grandes nomes, podendo citar a seleção:

- Barca Velha - Douro, Portugal
- Cave Geisse Brut - Serra Gaucha, Pinto Bandeira, Brasil
- Chateau D'Yquem - Sauternes, França
- Grange - South Australia
- Henriques & Henriques Century Malmsey 1900 Soleira - Madeira, Portugal
- Chateau Haut-Brion - Boudeax, França
- Krug Clos Du Mesmil - Champagne, França
- Domaine de La Romanée Conti - Borgonha, Fança
- Sassicaia - Toscana, Italia
- Quinta do Noval Nacional - Douro, Portugal

Então com muito orgulho encerro este post, com borbulhas de estrelas brasileiras, que tem uma grande potência e promete surpreender com seus espumantes.

Boa Degustação!


Bebendo estrelas: o grande Champagne


“Venham rápido, irmãos, estou bebendo estrelas”. 


Essa frase é atribuída ao monge beneditino francês Dom Pierre Pérignon, o monge que não criou o champagne e nem criou o método champenoise (como muita gente acredita), mas ele deu sim alguns dos maiores contributos para que o método viesse a se tornar anos depois naquilo que conhecemos hoje. 

De qualquer forma, só uma bebida poderia acompanhar uma frase incrível como esta, e por isso deixemos claro: champagne é champagne, o resto é espumante. Pois o grande champagne em sua maestria é a perfeição, e não aceita analogias de nenhuma forma.

O vinho das grandes coroações dos reis e de importância política e geográfica, é imponente e único. Nada se iguala ao champagne em sua mágica de acidez, refrescância e aromas... a bebida seduziu paladares e conquistou o mundo.

--------------- 

FAMA & GLAMOUR

Em 1700, Luís XIV mostrou aos palácios a maravilha francesa. Na literatura, Voltaire se interessou e reforçou o champagne como "vinho das artes". Napoleão dizia merecer a bebida em suas vitórias ou para consolá-lo em seus fracassos. E ainda na fase de Napoleão, aos 27 anos surge Nicole-Barbe Clicquot-Ponsardin, que ficou conhecida como a "Viúva Clicquot", herdando a famosa vinícula. Sir Winston Churchill, grande apreciador, torcia o nariz se ouvisse pedidos de champagne de forma banal.

O champagne sempre foi rodeado de requinte. No cinema, um dos maiores apreciadores de champagne é James Bond, em especial uma boa garrafa de Bollinger, citado em quase todos os filmes:


No filme O Satânico Dr No, Sean Connery (na pele de Bond) pega uma garrafa de champagne como arma. Mas ao se lembrar que era um Don Pérignon, diz: "55, seria uma pena quebrá-la".

Mas nem só de 007 vive o champagne... você sabia que é obrigatório servir a bebida nos jantares oficiais de presidentes? Tudo isso para entender que o champagne é unico e seu processo é especial, fazendo dele uma das principais bebidas do mundo.

Tenho um especial prazer em escrever este post, já que é a minha bebida favorita e sou totalmente a favor de seu glamour, não há como negar... 

Um dos pedidos que mais escutei de clientes durante a minha carreira como sommeliere foi: "Gostaria de pedir um champagne". Quando se mostra a carta, o cliente se assusta e diz: "Não... gostaria de um champagne desses baratinhos..."

Vamos cortar o mal pela raiz: não existem champagnes "baratinhos", assim como também não existe Papai Noel e nem o tal coelhinho que leva ovos de chocolate... sorry

Mas antes de continuarmos, uma pergunta rápida: qual a forma certa de dizer, seria "o" champagne ou "a" champagne? Ambos estão certos, depende do que se refere... "o" champagne (com minúscula) se refere à bebida, e "a" Champagne (com maiúscula) se refere à região da França onde a bebida é produzida.

---------------

O PROCESSO

Vejamos então os processos dessa grande bebida e parar com a mania, desde já, de pedir champagne quando na verdade algumas pessoas querem lambrusco...   :o)

Champagne é um vinho branco espumante produzido na região francesa de Champagne... por isso o espumante leva este nome. Sua produção é feita basicamente das uvas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier, e é uma AOC rigorosa (leia em relação ao AOC no post sobre denominações), seguindo uma legislação. Por isso, se uma bebida leva o nome de Champagne é porque se refere à região, não podendo nenhum outro espumante no mundo levar este nome.

O único método usado no processo da fabricação do champagne chama-se Champenoise: é um método de duas fermentações, onde a primeira ocorre como em todos os vinhos, vinificado em tanques. A segunda fermentação (e aí é que ocorre a mágica) acontece no momento de engarrafar o vinho. Aí é acrescentado um composto de fermentos, além de 24 g de açúcar por litro de vinho, assim a levedura fará a sua parte criando as bolhas de dióxido de carbono. As garrafas são colocadas com os gargalos para baixo, girando um quarto de volta durante o periodo mínimo de 1 ano para não safrados e 3 anos a mais para safradas.

Como se formam borras (aqueles sedimentos naturais no fundo da bebida), congela-se o gargalo a -25 graus, e assim a borra com leveduras é expulsa pelo gás sob pressão, e o que se perde neste processo é substiuído por uma mistura chamada "licor de dosagem". A União Européia declarou que a expressão “méthode champenoise” só pode ser utilizada para vinhos provenientes da região francesa de Champagne, aprovando o uso da expressão "méthode traditionnelle" para os vinhos produzidos pelo mesmo sistema em outras regiões geográficas.

---------------

CLASSIFICAÇÃO DO CHAMPAGNE (conforme o teor de açúcar):

- EXTRA BRUT e BRUT INTÉGRAL: raros, não têm adição de licor
- BRUT: possui 1% de licor
- EXTRA-SEC: possui de 1% a 3% de licor
- DEMI-SEC: é levemente doce e possui de 3% a 5% de licor
- DOUX: champagne doce, indicado para sobremesa, possui entre 8% a 15% de licor

---------------

BEST OF THE BEST

A busca pela perfeição dos produtores de champagne atinge seu ápice com os Cuvée de Prestige, de dégorgement tardio (resfriamento do gargalo para a retirada da borra, feito mais tarde propositalmente), como a linha "Dom Pérignon Oenothèque" ou a linha "Krug Collection". No caso da Dom Pérignon Oenothèque, por exemplo, o dégorgement tardio fez com que a safra de 1995 só fosse ao mercado em 2009. Todos estes vinhos são conhecidos também por "champagnes monumentais", devido à sua alta qualidade.

Agora deu para entender porque a bebida merece brindes e toda atenção? Espero que agora os brindes tenham a altura e beleza do grande espumante champagne.

Boa Degustação!


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Cabernet Sauvignon: o grande Coringa


Talvez uma das uvas mais conhecidas em todo o mundo, potente e tanínica, a Cabernet Sauvignon - mistura genética entre Sauvignon Blanc e Cabernet Franc - originou-se em Bourdeaux (na França) e é o coringa na hora de escolher um vinho.

Preferência de muitos, a "rainha das uvas tintas" tem prestígio e, não à toa, é responsável por um vinho encorpado e com presença em diferentes terroirs no mundo (terroir: termo usado para determinar uma faixa de terra segundo especificações geográficas, geológicas e climáticas para uso vinícula, e também para café e chá).

A Cabernet Sauvignon se infiltrou por todos os lados, e tem se mostrado extraordinária no novo mundo. A Califórnia tem produzido verdadeiras jóias, assim como no Chile, Argentina, Austrália... e no velho mundo continua imponente e dona de seu espaço.

Além de ser uma casta fácil de se cultivar, a nossa protagonista tem estilo marcante e direto, com características fáceis de reconhecer e normalmente agrada... e muito.

Seus aromas são frutos vermelhos (amora, cereja, morangos), frutas pretas (ameixa), especiarias (pimenta e cravo) e com passagem em carvalho se reconhece os aromas mais complexos como tostados, café, chocolate e, dependendo da região que foi cultivada, anis e pimentão.

Já deu para perceber que é rico e muito complexo todo vinho produzido com essa casta fantástica, e por isso merece aqui um post só para ela.

Na boca tem presença, seu tanino é marcante, e se pode dizer que agrada o paladar masculino. Quando usada em cortes (mistura de duas ou mais uvas) ela garante um vinho estruturado, e seu tanino continua sendo marcante. Os cortes mais comuns são com as uvas Merlot (França), Carmenere (Chile), Sangiovese (Itália), Shiraz (Austrália) e Tempranillo (Espanha). Por se adaptar fácil a quase qualquer corte, normalmente é uma preferência dos produtores.

Conheça agora os grandes Cabernets (e também os mais caros):


- Château Haut-Brion
- Château Latour
- Château Margaux
- Château Lynch-Bages
- Château Palmer
- Château Montrose
- Ornellaia
- Sassicaia
- Solaia
- Marqués de Riscal
- Stag’s Leap
- Screaming Eagle
- Ridge – Montebello
- Mondavi – Opus One
- Catena Alta
- Seña
- Almaviva
- Montes Alpha "M"
- Penfolds – Bin 707
- Petaluma
- Rosemount
- Moss Wood
- Yarra Yering

Agora que conhece mais sobre a tal Cabernet Sauvignon, que tal experimentá-la e testar seus inconfundíveis e extraordinários aromas? Depois me contem a experiência de provar não um simples vinho, mas um vinho feito com a Rainha das Uvas Tintas.

Boa degustação!



sábado, 7 de janeiro de 2012

Harmonização: afinal, o que servir no jantar?

Existe alguma regra sobre como combinar vinho com comida? Sim, existe, e muita, mas nada de pânico neste momento... existem regras, porém a principal a ser seguida é bem simples e fácil.

Regra básica: o vinho jamais deve sobrepor a comida e a reciproca é verdadeira. Simples assim.


Ou seja, o vinho leve harmoniza com comida leve, o vinho encorpado com a comida mais pesada, vinho branco com peixes e algumas aves, e por aí vai... sendo assim, vejamos as harmonizações clássicas e dar nomes aos bois. 

Mas antes devemos entender que uma das coisas que mudou na gastronomia, principalmente no Brasil, é a filosofia de comer bem.

Hoje se percebe a exigência em buscar o prazer na mesa. E junto disto, obviamente, vem o vinho, que (e para mim isto sempre foi claro) vinho é ideal para acompanhar comida... mas o mesmo herói pode se tornar um grande vilão, se não nos atentarmos aos detalhes de sua potência e tanino, como por exemplo no caso dos tintos acompanhando peixes... basta servir a alguém um tinto potente com uma boa posta de bacalhau e ganhará um inimigo para o resto de sua vida.

Então atenção: regras de harmonização são importantes para entender e tirar o melhor proveito do casamento comida x vinho. As harmonizações clássicas a seguir você encontra em literaturas sobre o assunto, sites e blogs especializados, são 100% seguras e interessantes para quem quiser comprovar o casamento entre vinho e comida.

Vejamos as combinações tradicionais e até mesmo confortáveis:

- Ostras com Chablis Tradicional
- Patê de Foie Gras com Sauternes
- Frango Grelhado com Beaujolais
- Amêndoas tostadas com Jerez Fino ou Manzanilla
- Chocolate preto com Cabernet Sauvignon da Califórnia
- Nozes e queijo Stilton com Porto 
- Queijo Gorgonzola com Porto 
- Cordeiro com Bordeaux
- Carne Grelhada e mal passada com Malbec Argentino


Mas respeitando as regras básicas, você será muito feliz com as seguintes combinações, divididas por áreas:

. . . . . . . . . . . . . . . . . 

FRUTOS DO MAR E PEIXES

Muito cuidado com esta parte, o tanino do vinho tinto garante aos peixes e frutos do mar um sabor metalizado muito desagradável. Os vinhos recomendados para cada tipo de prato são:

- Peixes grelhados com molho leve ou crus (sashimi):
Neste caso a melhor opção seria mesmo o espumante brut ou demi-sec ou vinho branco seco frutado jovem.

- Bacalhau
Aí está um mito, alguns portugueses tomam com tinto jovem ou de médio corpo, eu prefiro vinho verde ou branco maduro, não gosto da idéia do tinto com um peixe de sabor tão presente. 

- Anchova, atum, salmão e sardinha:
Branco maduro ou rosado sem maiores invenções.

. . . . . . . . . . . . . . . . . 

AVES

Acho que ave é o mais fácil para harmonizar... lembra da regrinha, vinho leve com comida leve? Os vinhos recomendados para cada tipo de prato são:

- Grelhadas ou em molho leve:
Espumante brut ou branco seco jovem de boa estrutura ou maduro ou tinto jovem.

- Grelhadas ou em molho forte:
Tinto maduro de médio corpo.

- Caças, pato e coq au vin
Tinto maduro de médio corpo a robusto, aqui você pode arriscar a potencia do vinho, pois os sabores são muito marcantes.

- Foie gras:
Minha harmonização favortita é o branco doce de alto nível (Sauternes, Tokay), fortificado doce (Porto Vintage, etc.), espumante. Se quiser ousar, chutney de manga com Champagne, uma harmonização muitíssimo interessante. 

. . . . . . . . . . . . . . . . . 

CARNES VERMELHAS

Talvez umas das hamonizações mais feitas, neste caso o que comanda é o molho e a opção é o tinto. Os vinhos recomendados para cada tipo de prato são:

- Carne grelhada ou em molho leve:
Tinto jovem leve ou de médio corpo. 

- Com molho forte:
Tinto maduro de médio corpo a robusto.

- Carne de caça:
Tinto maduro robusto.

. . . . . . . . . . . . . . . . . 

PASTAS

Neste caso, também é o molho que vai orientar qual o melhor vinho. Os vinhos recomendados para cada tipo de prato são:

- Molho leve ou branco:
Espumante brut ou branco, jovem ou maduro, ou tinto jovem leve (neste caso um Rosso leve ou um Pinot Noir).

- Molho condimentado ou vermelho:
Tinto maduro de médio corpo a robusto.

. . . . . . . . . . . . . . . . . 

QUEIJOS

Chegamos em um ponto que deve ser discutido com atenção. A maioria dos queijos devem ser harmozinados com vinhos brancos, ou um jovem leve... esqueça a história "festival queijos e vinhos tintos", na verdade só para alguns queijos é que o tinto deve ser a opção. Os vinhos recomendados para cada tipo de queijo são:

- Fresco de massa mole (Frescal, Ricota, Requeijão):
Branco.

- Fresco de massa filada (Mozzarela):
Branco.

- Maturado de massa mole (Brie, Camembert e Coulommiers):
Branco maduro ou tinto jovem a maduro encorpado. 

- Maturado de massa filada (Provolone):
Branco maduro ou tinto jovem.

- Maturado de massa semidura (Emmental, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit, Port-Salut):
Branco maduro (Chardonnay com passagem de carvalho).

- Maturado de massa cozida (Roquefort, Gorgonzola, Danablu):
Tinto maduro robusto ou branco doce superior ou fortificado doce (neste caso o Porto seria a minha opção).

- Maturado de massa semidura (Emmental, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit, Port-Salut):
Tinto jovem ou pouco velho.

- Maduro de massa dura (Parmesão, Pecorino):
Tinto maduro robusto ou fortificado.

- Queijo da Serra:
Em minha opnião, o famoso queijo português harmoniza bem com o Barolo. O seu sabor forte e sua cremosidade envolve o "rei dos vinhos". No caso provei com Barolo da Batasiolo DOCG 2005 e sim, o casamento aconteceu... eu defendia a questão de que Barolo harmonizava apenas com pão, mas cedi a uma dica do Professor Artur Azevedo... foi muito boa a experiência e também passo para vocês. Caso queiram testar a aventura, me contem depois.

- SE VOCÊ NÃO QUISER ERRAR NA HARMONIZAÇÂO COM OS QUEIJOS:
Espumantes e champagnes combinam com todos os tipos de queijos e acho que deveria existir o festival dos espumantes e queijos, faria mais sentido neste caso.

. . . . . . . . . . . . . . . . . 

SOBREMESAS

Vinhos de sobremesa são campeões, são ácidos na medida certa e com uma doçura muito interessante, e acredito que o ideal é sempre harmonizar doces com os próprios vinhos de sobremesa, e nesse sentido temos verdadeiras jóias deliciosas.

Mas antes, o que seriam vinhos de sobremesa?
Vinhos de sobremesa são feitos de vários processos, e na maioria dos casos vinhos de colheita tardia. Vale a pena explicar rapidamente os tipos de processos que garantem o vinho licoroso e doce.

Porto: Fortificado e com açúcar residual (extremamente alcoólico) onde seu processo de fermentação é interrompido pelo álcool vínico, garantindo um vinho potente, doce e licoroso.

Pedro Ximenes (Jerez): neste caso o vinho é adocicado em seu processo com as uvas deixadas ao sol e assim acumulando seu açúcar.

Vinho colheita tardia (Late Harvast): como o próprio nome já diz, a colheita tardia significa isso mesmo, a uva fica no pé e perde água, assim acumula açúcar e dela é feito o vinho de sobremesa.

Botritizado: processo extremamente interessante onde a uva é acometida pelo fungo Botrytis Cinerea. Esta infeccção causa desidratação, aumento da concentração de açúcar, produção de glicerol (aumentando a untosidade e sensação de doçura), hidrose de terpenos (que dá uma complexidade aromática fantástica), entre outros. Iremos separar um espaço futuramente para explicar em detalhes o fenômeno que produz o ouro líquido Sauternes, Château d’Yquem, Tokaji Aszu Ezsencia e o alemão Trockenbeerenauslese, da região de Rheingau.

Ice Wine ou Eiswein: isso mesmo que você leu, o vinho do gelo. Em um processo é uma verdadeira obra prima, a videira toda chega a produzir apenas uma garrafa de puro mel de vinho, a uva permanece na videira para além de sua colheita e sofre congelamento, separando açúcar da água, e a prensa é feita ainda congelada.

Espumante Moscatel: Moscato D'Asti, moscatel servido bem gelado, também serve para acompanhar e muitissimo bem sobremesas.

Agora que vocês já conhecem estas maravilhas... que tal harmonizá-las?

Bem, todos os vinhos de sobremesa foram feitos pensados em suas combinações na hora de servir os doces, tortas de chocolates, frutas e nozes. A regra de harmonização usadas pelos vinhos secos também deve ser usada aqui, um não pode ser mais forte que o outro, ou seja, se a sobremesa for leve, escolha um vinho de sobremesa leve também, assim se harmonizam e um valoriza o outro. Caso o vinho de sobremesa escolhido for muito doce, tome cuidado com a sobremesa, opte por algo que não seja muito açucarado, já que vai ficar um paladar predominante e enjoativo.

Alguns exemplos:
Doces com frutas - Espumante Moscatel
Crème brûlée - Late Harvast ou Sauternes
Ovos Nevados - Jerez Pedro Ximenez 
Mousse de chocolate - Porto Vintage 

. . . . . . . . . . . . . . . . . 

O QUE NÃO HARMONIZA

Alguns alimentos NÃO são indicados para harmonização, então se você estava pensando em ovo, chocolate ao leite, sopa e feijoada, melhor abandonar a idéia de um vinho para acompanhar. Algumas verduras, como alcachofra e aspargos, também não são indicadas. 

E alguma vez viu comida indiana com vinho? Esqueça o curry, ele não combina com vinho... dendê também não é aconselhável, assim como o sushi. Até gosto de espumante Moscatel com sushi, mas sem shoyu nem wasabi, ambos não harmonizam com vinho, e neste caso o ideal seria mesmo o Saquê.

Algumas pessoas defendem que a uva que harmoniza com feijoada é a Tannat, eu ainda defendo a tese de que o que é bom com feijoada é a boa e velha cachaça e sua capirinha.

. . . . . . . . . . . . . . . . . 

DICA

Uma tabela interessante de Harmonização que é bem bacana e vem do site "Delicia de Viver":


E uma literatura muito interessante sobre vinho você encontra no livro Vinhos do Mundo - Guia Ilustrado Zahar - Geoff Adams. Custa em torno de R$ 60,00 e vale muito a pena para quem quer iniciar na literatura do universo do vinho.

Boa Degustação!




terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Reserva, Reservado, Gatos e Lebres

Muita gente anda comprando gato por lebre... afinal de contas, qual a diferença entre os tais vinhos Reserva e Reservado?

Sabemos que existe uma legislação que protege a qualidade dos vinhos na Europa chamados de DOC, DOCG e AOC, entre outras, que realmente são usadas de forma criteriosa (como foi falado no post anterior aqui do blog, mas vale a pena pesquisar e conhecer a fundo).

Nos países da América do Sul, não se exige esta denominação de qualidade dos produtores (de vinho, obviamente), ou seja, os "produtores" deitam e rolam nesta questão.

Afinal de contas, o que seria um vinho "RESERVADO"? Bom, na Itália o vinho "RISERVA" garante um vinho envelhecido 3 anos. Mas para os lados de cá não significa absolutamente NADA, não existe uma lei que garanta a qualidade do vinho, fora a credibilidade no produtor... se sabemos que um determinado produtor faz vinhos de qualidade, não se deixe levar pelo "marketing" criado, principalmente para os vinhos chilenos e argentinos...

Em teoria, os tais vinhos que estampam o nome "Reservado" ou "Reserva" deveriam passar por um preparo de produção melhor, mas isso em teoria, pois sem legislação que proteja não tem como garantir rigorosamente nada.

Ou seja, se preferir um vinho da América do Sul, escolha seu vinho pela safra, as vezes por pontuação, pesquise o produtor, veja referências, ficha técnicas, pergunte aos amigos e/ou consulte um sommelier. Mas não se deixe levar só pelo título "Reservado" ou "Reserva", para evitar comprar gato por lebre.

Boa Degustação!


Entendendo a legislação: DOC, AOC, DO

Porque nem só de uvas se faz um bom vinho, na Europa há uma legislação que o protege e garante que sua produção de vinhos seja feita com regularidade e padrões definidos.

Pois é, cara pálida, não se pode simplesmente fazer vinho e colocar em seu rótulo "VINHO DE RESERVA BLÁBLÁBLÁ" como se faz nos Países da América do Sul (em especial Chile, Argentina e Brasil).

Na Europa se respeita, e muito, as chamadas denominações DOC: Denominação de Origem Controlada.

Em Portugal, entre outros, é um país que usa muito o conceito de denominação, inclusive também possue o IPR (Indicação de Proveniência Regulamentada), o VR (Vinho Regional) além do DOC (Denominação de Origem Controlada).

Na Itália há a DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita), DOC (Denominazione d'Origine Controllata) que seria atribuída a vinhos de qualidade produzidos em regiões geograficamente limitadas, cumprindo regras que definem as características dos solos, castas autorizadas, práticas de vinificação, teor alcoólico, tempo de estágio, etc.

Na França temos a AOC (Appellation d'Origine Contrôlée), foi criada para regulamentar e proteger o uso dos nomes geográficos que designam produtos agrícolas e alimentares.

Existem hoje na Espanha 54 regiões DOs (Denominación de Origen), e boa parte delas têm seus vinhos consumidos localmente ou exportados em pequenas quantidades.

Na Espanha temos as denominações: Vino Joven ou Del Año, Vino Reserva, Vino Crianza, Vino Gran Reserva. As denominações variam conforme a conservação, fabricação e estágio dos vinhos. Importante saber que a legislação é séria e ajuda o consumidor em suas escolhas.

Sendo assim, as denominações garantem uma certa qualidade ao vinho... claro que isso não significa que, por ter DOC, o vinho seja espetacular, apenas que respeita uma lei de seu preparo até sua venda.

No Brasil, uma curiosidade: temos sim a primeira indicação geográfica de viticultura, obtida em 2002 pela APL (Arranjos Produtivos Locais), e leva a sigla IPVV (Indicação de Procedência do Vale dos Vinhedos), e apresenta-se o conceito de indicação geográfica. Maiores informações no site da EMBRAPA - www.embrapa.br

Boa Degustação.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Um prazer também para os olhos

O ótimo blog Design Juices fez uma lista de 50 excelentes rótulos de vinhos onde a característica comum em todos é o design sensacional aliado quase sempre a ilustrações de alto nível, muitas vezes com um toque de humor.

Um prazer certo para os olhos, antes mesmo de ser um prazer para o paladar:


Boa Degustação!






Profissão: Sommelier, muito prazer

- Bom dia!
- Bom dia...
- Vim tirar meu passaport.
- Ok, senhora... nome?
- Lívia Novais
- Profissão?
- Sommelier 
- Como?
- Sommelier, ou o feminino Sommeliere
- Senhora, desculpe, não temos esta opção...   :o(

Ouch! Ok, mas afinal de contas o que seria um Sommelier? E quais os diferentes profissionais envolvidos com o vinho?

Bem, vamos por partes (não, não farei aquela velha piada com Jack, the Ripper, esqueçam)...


- Quem produz o vinho? ENÓLOGO.
O enólogo produz o vinho... e por favor parem de dizer que Sommelier é enólogo, ele não é! Enólogo estuda enologia, que é a ciência do vinho. Ele é quem escolhe as uvas (conhecidas como castas), prepara cortes (duas ou mais uvas) ou se o vinho será apenas um varietal (única uva). Existem universidades de enologia pelo mundo, e no Brasil temos em Bento Gonçalves e Petrolina, ambas oferecidas pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFET), e a terceira é oferecida pela Universidade Federal de Pelotas. Acho que não preciso dizer onde fica...


- Quem é o amante do vinho? ENÓFILO.

O enófilo é um estudante de vinhos (ou amante), aquele que se dedica profissionalmente ou por prazer a estudar o maravilhoso mundo dos vinhos. Sem segredos e nem mistificações, se você gosta de estudar, apreciar, busca entender, faz alguns cursos (principalmente por prazer), então parabéns, você é um enófilo!


- Quem comercializa o vinho e faz o seu serviço? SOMMELIER.

Agora chegamos à parte que interessa, principalmente a mim e a minha mãe (que nunca entendeu porque abandonei medicina veterinária, para estudar gastrônomia e me especializar em vinhos). O sommelier (ou escanção, em Portugal), é o profissional encarregado em conhecer, estudar, comercializar e garantir a qualidade do serviço do vinho, e também cuida do armazenamento e rotatividade das adegas

Ou seja, mãe e atendente da Policia Federal, por favor entendam: sommelier é profissão, e no Brasil já é efetivada. Se você é profissional do ramo, sim, exija em sua carteira de trabalho o registro de sommelier, é importante e garante a qualidade da classe, que com certeza tem muito a ensinar e a aprender com os amigos enófilos... pelo menos é a minha singela opnião.

Sommelier é um profissional com formação especifica no Brasil, e existem vários cursos profissionalizantes como na ABS - Associação Brasileira de Sommeliers, Senac, Centro Europeu de Curitiba, Universidade Anhembi Morumbi, etc.


- Quem acha que sabe e quer impor conhecimento? ENOCHATO ou ENOBOBO.

São alguns profissionais ou amantes do vinho que acham que devem complicar ou impor seus conhecimentos de forma pedante, dificultando assim a cultura do vinho... afinal de contas, vinho bom é o que esta em sua taça e a melhor companhia e a que está em sua frente... fácil, não? Se você gosta de vinho, tenha prazer em degustá-lo em sua forma mais simples e gostosa.

Aqui no blog vou tentar trazer informações deste mundo tão complexo e interessante, mas lembrem-se: vinho é algo pessoal, existem técnicas para aperfeiçoar o prazer a mesa, para manter a temperatura em serviços (iremos discutir em outro tópico), apenas e tão somente para liberar o máximo potencial daquele vinho... mas não se preocupe com xurumelas e pompas, beber vinho é bom, saudável e traz momentos de extrema felicidade.

Boa Degustação!