segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Estamos no Twitter

Meus amigos, estamos avisando que agora, além do blog e do Facebook, também estamos no Twitter, basta procurarem por Livia Novais Vinhos, onde iremos deixar vários complementos de informação sobre o universo dos vinhos.

Boa degustação!

domingo, 2 de setembro de 2012

Curso de vinho

No dia 20 de agosto promovemos o curso de vinho "Descomplicando o Vinho para Iniciantes", realizado no Espaço Café Cowork, em Ribeirão Preto, com o apoio da importadora Cantu.

O curso, bastante detalhado, levava os participantes a conhecer todos os fundamentos do vinho, sua apreciação e seu entendimento através da explicação com apoio de material visual e impresso, além dos vinhos para degustação. Um sucesso! Todos adoraram e já pediram pelo curso seguinte.

Agora basta aguardarmos o próximo curso, em breve...





sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A doçura e desventuras do vinho Madeira


No mundo dos vinhos ainda existe uma certa desconsideração, seja por preconceito ou até mesmo desconhecimento, em relação aos vinhos fortificados e doces. Estas preciosidades perdem lugar no mundo dos tintos e secos, no mundo onde não se dá muita abertura ao que realmente interessa... os detalhes. É o caso dos grandes nomes como Tokaji e Sauternes (que transformam uma sobremesa em uma obra de arte) e dos seus irmãos fortificados Porto e Jerez, embora sabemos que estes dois últimos são um caso à parte e muito apreciados.

Uma vez li uma frase em que dizia "a vida é curta demais, comece pela sobremesa". Ok... se for acompanhada por um destes fantásticos vinhos cheios de histórias, poderia sim começar por ela sem maiores reclamações.

Se os vinhos citados acima estão, digamos, no grau do preconceito, o Madeira é o campeão no quesito esquecimento, ele só não é de todo desconhecido por causa de seu uso na culinária, no conhecido filé ao molho Madeira.

Talvez pouca gente saiba ou se importe, mas tanto quanto seu primo mais conhecido, o Porto, o vinho Madeira também é um vinho fortificado mas produzido na Ilha da Madeira, daí o nome. Conhecer suas particularidades e sua rica gama de tipos talvez irá mudar sua idéia sobre este vinho. Além de sua origem portuguesa e seu processo de vinificação adicionar aguardente vinífica, são poucas as semelhanças entre ele e o vinho do Porto, começando pelos quatro graus de doçura que tem o Madeira. Além do padrão característico adocicado, também existem o meio doce, o meio seco e o seco, o que dá oportunidade para todos os paladares e experiências gastronômicas mais ousadas.

Situada em torno de 900 km a sudoeste de Portugal e cerca de 660 km da costa do Marrocos, a Ilha da Madeira era parada obrigatória no sec. XVII, onde navios que cruzavam o Atlântico tinham em seus porões barricas de vinho sob altíssimas temperaturas que acabavam por se deteriorar... daí veio o uso da adição do álcool para que o vinho suportasse a viagem sem maiores estragos. Logo se percebeu características diferentes no vinho de "roda", nome dado pela técnica de fazer a barrica dar "voltinhas".

Depois de um século de sucesso, surgiram vários acontecimentos negativos, entre elas o oídio e a filoxera, pragas que destruíram vinhedos de castas nobres, sendo plantadas em seu lugar cana de açúcar e vinhas americanas.

O problema maior veio depois, já com a técnica do enxerto, onde a procura pela facilidade ao invés de qualidade fez surgir a predileção do plantio pela medíocre uva Negra Mole, desvalorizando assim o Vinho Madeira. A qualidade do vinho foi recuperada mais tarde pela implantação de outras 4 uvas mais ricas.

Hoje em dia as castas nobres representam apenas 12% da produção, o que requer um tratamento especial, e obviamente implica em um processo bem elaborado de produção para produzir o Madeira. Deve-se passar por um processo de aquecimento a 45 graus mantendo-se nesta temperatura por 3 meses aproximadamente, o que se dá ao nome de "estufagem", acelerando assim o processo de oxidação.

Após este período é acrescentado o álcool vínico a 96 graus e o adoçamento é feito com mosto de mistela ou caramelo. A variação destas doses é que irão definir o doce, meio doce, meio seco e seco do vinho, seguido de uma guarda de 3 anos. Porém este vinho começa a se mostrar interessante quando em seu rótulo vem a marca de 5 anos - chamados Reserva - ou em nível superior, 10 anos. Suas castas nobres são Bastardo e Terrantez com uma produção irrisória, e já li que a Bastardo nem mais existe.

Algumas produções são artesanais, não sendo usado o calor artificial. Com a Malvasia é acrescentado o álcool mais cedo e assim garantindo a doçura; com a Boal origina um vinho meio doce; o Verdelho é usado para meio seco e o Sercial dando origem ao Madeira seco.

Dos vinhos de excelência, além dos envelhecidos por 10 anos, existem os de 15 anos ou vintage, que só podem ser comercializados após 20 anos... mas também com uma garrafa dessas na mão, não tenha pressa alguma, deguste-a com tranquilidade e na sua curiosidade de tanta história e luta para sobreviver aos altos e baixos o vinho Madeira merece maior consideração e respeito. E neste caso, ser degustado com um bom prato! 

Boa Degustação!


terça-feira, 3 de julho de 2012

A grandeza da Magnum


O líquido precioso de Baco combina e muito bem com os formatos maiores e mais respeitáveis de suas garrafas.

A magnum e suas irmãs maiores, por exemplo, trazem potência e muito prazer com sua imponência visível. Vamos primeiro entender seu tamanho:

Magnum: corresponde a 2 garrafas normais ou 1,5 litros
Double Magnum: três litros
Jeroboam: 3 ou 4,5 litros (dependendo da região)
Imperial: 6 litros 

E outras ainda maiores dão outra dimensão à ocasião. É de se imaginar que a reação muda quando se serve duas garrafas ou uma magnum ao centro da mesa, a imponência e beleza transformam aos olhos... porém nem só de beleza vive as grandes garrafas. 

Vinhos acondicionados em maior volume tendem a ter mais qualidade, para consumidores mais exigentes e de paladar mais apurado. Por outro lado, percebemos também que vinículas mais comerciais apostam sempre na meia garrafa 375ml.

Tendo todas as precauções tomadas, comprova-se na prática que vinhos armazenados em recipientes maiores se tornam mais intensos e mais vivos. Essa qualidade que existe é causada pelo oxigênio, que em contato com o vinho os tornam mais intensos.

Se a prática comprova que uma limitada quantidade de oxigênio aprisionada na garrafa contribui beneficamente para o vinho, ela também mostra que existe uma proporção ideal de ar em relação ao volume de vinho, e isso se dá na magnum. Em garrafas normais o vinho evolui mais rápido do que em recepientes maiores... neles, o vinho se desenvolve de forma mais lenta, o que é favorável à interação entre seus diversos componentes. 

Vejamos os tamanhos de garrafas disponíveis:

Tamanho padrão: 750mL
Magnum: 1,5L (equivalente a 2 garrafas padrão)
Double Magnum: 3L (equivalente a 4 garrafas, apenas Bordeaux)
Jeroboam: 3 a 4,5L (4 garrafas – Champagne e Borgonha, 6 garrafas – Bordeaux)
Rehoboam: 4,5L (6 garrafas – Champagne e Borgonha)
Imperial: 6L (8 garrafas, apenas Bordeaux)
Matusalém: 6L (8 garrafas, Champagne e Borgonha)
Salmanazar: 9L (12 garrafas, Champagne e Borgonha)
Balthazar: 120L (16 garrafas)
Nabucodonossor: 12,0 a 15,0L (16 a 20 garrafas, dependendo do país de origem)
Melchior: 18L (24 garrafas)
Salomão: 20L (28 garrafas, apenas Champagne)
Sovereign: 25L (33,3 garrafas, apenas Champagne)
Maximus: 130L (173,3 garrafas – no formato Bordeaux)

Tamanho neste caso é documento sim :o)

Boa Degustação!


sábado, 12 de maio de 2012

Os vinhos femininos


Acho que temos de concordar que as mulheres são mais fortes que os homens, certo?  :o)

Chateau Margaux, Musigny e Barbaresco, apesar de serem vinhos conhecidos por sua força e presença, são considerados vinhos femininos... então melhor tratarmos por Madame Chateau Margaux, Sra. Musigny e Lady Barbaresco.

Estes vinhos mantém a elegância sem brutalidade, o que os diferencia dos outros vinhos das mesmas regiões, no caso, os bordaleses Chateau Latour e Latife, dos borgonhas Chambertin e Clos Vougeot e do Barolo do Piemonte, que podem sim ser denominados como masculinos.

A melhor forma de explicar o conceito de vinho feminino é a frase do diretor técnico do Chateu Margaux, Paul Pontallier: "é preciso saber diferenciar força de brutalidade". Ele é o responsável por manter a característica intensa e elegante deste fenomenal vinho.

No meio de vinículas dominadas por homens é interessante admitir a existência dos vinhos femininos, que não contém nada de suaves. Temos que acabar de uma vez com este conceito de sexo frágil, e o vinho é com certeza a melhor forma de ilustrarmos isto.

Se assim como um bom vinho alguns homens melhoram com a idade, nós mulheres podemos dizer que com a idade ganhamos força, elegância, maturidade e intensidade.

O vinho é uma bebida sofisticada, o que não significa ser elitista. Vinhos têm personalidade, essência e até mesmo sexualidade... não é coisa de anjo, é coisa de deuses, nasceu como o sangue da terra, se reproduz, se transforma, ganha o auge, conquista, enamora-se e morre. Nesta vida útil, o vinho feminino marca-se nos paladares mais desenvolvidos, e estudos também indicam que as mulheres têm o paladar e olfato mais desenvolvidos que os homens. 

Não é questão de feminismo, mas sim de homenagear não só as grandes mulheres no mundo do vinho como também os grandes vinhos de expressão feminina.

Sua elaboração e cuidado na produção, desde a uva até o produto final, é algo bem próximo do cuidado de uma mãe com sua cria, todo o zelo e amor desde sua gestação até seu crescimento e desenvolvimento... aí está uma boa explicação para o toque e a influência feminina nos vinhos.

Boa degustação! E feliz Dia das Mães!


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Artigos de segunda mão a preços de artigos de luxo


Vamos falar de impostos, neste caso sobre o aumento de impostos de importação do vinho Europeu, que atinge o consumidor como uma paulada ou um gole de Liebfraumilch. 

Essa ressaca é sua, é minha, é dos amantes do bom vinho e dos que cultivam a cultura do vinho em um país que está, neste momento, dificultando ao máximo a entrada do vinho europeu. O que estava difícil vai ficar ainda pior, e adivinhe quem pagará este preço? 

O aumento dos impostos do vinho é quase uma aberração, pois para proteger o mercado interno o governo aumentará taxas que já são abusivas para ficarem ainda piores.

É compreensível, até certo, ponto a preocupação do governo: numa economia normal, um país importa e exporta produtos, e uma balança comercial saudável se dá quando há mais exportações. Simples.

Quando há muita importação em um determinado segmento que também é produzido no país, as importações podem prejudicar a produção nacional, então todo governo toma medidas para conter a importação e ajudar a economia local. Ok, é compreensível e louvável.

O problema é que no geral a produção de produtos dentro do Brasil tem um nível de qualidade inferior ao do exterior para produtos similares, então gera-se um impasse: liberar a importação de produtos muito melhores e com preços muito mais baratos irá destruir a produção brasileira... mas ao barrar os importados protegendo o nacional irá blindar um mercado que é mais caro e com menos qualidade, obrigando o brasileiro a comprar produtos as vezes capengas por um preço absurdo.

Aí começa o grande circo, já que quem paga é sempre o consumidor. O comércio de vinho depende deste giro, mas infelizmente o governo brasileiro acredita que aumentar o valor do imposto do vinho importado vai ajudar o mercado interno. 

O imposto de vinhos importados, principalmente europeus, saltará de 27% para 55%, e o que era caro vai ficar absurdamente mais caro, dificultando assim o comércio do vinho europeu no Brasil.

Portugal, que é o 4º maior exportador de vinhos para o Brasil em volume e o 5º maior em valor, e que entre 2006 e 2011 tem aumentado suas vendas em 7% ao ano, está se armando contra a medida de salvaguarda, para proteger suas vendas do aumento das taxas. 

Itália, Portugal e França são os maiores lesados com esta situação, e isso precisa mudar... esperamos que esta negociação dê certo, pois o maior lesado nesta situação no fim é o próprio consumidor.

Não sou contra a produção nacional, mas acho que para o mercado ser competitivo tem de haver bons produtos, e isso se faz através da concorrência com produtos importados.

Mas este novo imposto é absurdamente burro, pois o mercado viticultor do Brasil só melhorou por causa da importação, obrigando os produtores a saírem da zona de conforto, obrigando a se modernizarem, se atualizarem e investirem em desenvolvimento para uma melhor produção de vinho... mas a que preço? 

Uma garrafa de um bom vinho no Brasil custa em média de R$80,00 a R$150,00, ao passo que um bom vinho europeu custa, na Europa, de 10,00 euros a 40,00 euros (e existem vinhos interessantes a menos de 10,00 euros)... ou seja, um bom vinho europeu, melhor que um vinho brasileiro, custa menos da metade do vinho nacional. Como pode tamanha aberração? Com o preço de um vinho brasileiro bonzinho é possível comprar, na Europa, um excelente vinho das melhores produções. 

É como diz um recente artigo nos EUA, que falava sobre a importação do iPad: o Brasil tem artigos de segunda mão a preços de artigos de luxo.

Mas o imposto sobre vinhos europeus se torna mais bizarro ainda quando se fala dos vinhos da América do Sul, em especial do Chile, já que sua taxa de importação é de 0% graças ao acordo com Mercosul conseguido desde de 2011... então o que muda? O consumidor brasileiro vai se esbaldar com vinho chileno? Uma vez que o vinho nacional não é competitivo e os que são de qualidade estão com os preços extremamente altos, então o que fazer? É preciso existir um senso de equilíbrio entre a importação, a produção nacional e o consumo interno. 

Mas no final o que conta no Brasil é sempre a política da arrecadação de impostos, cada vez mais pesada, com a lógica burra de dificultar todos os lados: produtores estrangeiros, importadores, produtores nacionais e consumidores.

Com a taxa de impostos mais alta do mundo, muito maior que a Dinamarca ou Noruega mas infinitamente distante do padrão de vida que se tem por lá, o Brasil mostra mais uma vez sua cara, assusta e impõe a sensação que todo o esforço em se produzir uma cultura de vinhos e vinhas está um passo atrás mais uma vez. Esperamos que algo seja feito... ou é melhor nos acostumarmos a pagar R$ 140,00 em uma garrafa do Merlot Casa Valduga, vinho até muito interessante mas com um preço nada competitivo.

Para saber mais sobre a noticia da negociação Brasil x Portugal com a medida de salvaguarda, leia a noticia no site Wines of Portugal http://winesofportugal.info/pagina.php?codNode=119092 


Boa degustação... se puder...


quarta-feira, 2 de maio de 2012


A sommeliere Livia Novais está organizando um jantar harmonizado para os amantes de vinhos na quarta feira, dia 9 de maio, a partir das 20:00h, com o apoio do Museu da Gula e a presença confirmada do embaixador da Cava Espanhola Cordoniu.

Reservas pelo telefone do Divino Ristorante: (016) 32342361


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Uma forma diferente de servir vinho

Isso é bem bacana, uma forma completamente diferente de servir vinho. Ok... pode não ser muito funcional, mas que é bacana, isso é!

Boa degustação! E divirta-se! 


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Decantar para encantar

Nos dias de hoje, tudo é pressa, tudo deve ser rápido e para ontém, e parece que já se esqueceu o velho ditado "a pressa é inimiga da perfeição". 

Hoje se procuram vinhos jovens, vinhos rápidos de giro, tudo com uma conotação de pressa, de agilidade e rapidez. É, meus amigos... chegamos aos tempos modernos, que já satirizava Chaplin na época do cinema mudo. Seria até uma boa ideia ver o eterno Carlitos parafusando, apertando e desapertando, com o seu jeito desajeitado, e entre uma tarefa e outra abrir uma garrafa de vinho jovem e bebê-lo com pressa... tal imagem funciona bem e serviria aos novos conceitos de muitos dos atuais consumidores de vinho.

Na minha vida prática, posso contar nos dedos as vezes que levei à mesa de um cliente um DECANTER, por pedido dele ou insistência minha. De qualquer forma, este acessório, que para mim é indispensável, anda sendo pouco usado, bem pouco mesmo. Com o decanter o vinho se transforma, ele "cresce", é volúvel de forma extremamente positiva.

O vinhos tintos e robustos pedem oxigênio quando se abre a garrafa para, digamos, se desenvolverem melhor. Muitas vezes um vinho começa tímido... porém, o oxigênio o leva a ser o grande astro da noite. É aí que entra o decanter.

Assim como é importante servir a bebida em sua temperatura correta, decantar é encantar. Agora batemos de frente com o fato da ansiedade ver a taça ali, límpida, cristalina, vazia, uma vontade enorme de degustar... mas aguarde um pouco, os benefícios da decantação valem e muito a espera.

A pergunta mais frequente é: afinal, quanto tempo o vinho deve ser decantado? Na verdade isso varia muito de vinho para vinho, isso vai estar muito relacionado à sua primeira análise e ligado diretamente ao tanino. Com o oxigênio os taninos são domesticados, ficam macios, agradáveis, e essa é inclusive a razão para que os vinhos, após a fermentação com seus taninos agressivos, permaneçam descansando em barricas de carvalho... tudo faz parte da mesma dança, da mesma magia, quando se trata da bebida mais envolvente do mundo.

No caso da falta de informação sobre o vinho, então o melhor é serví-lo e acompanhar a evolução no copo: se melhorar significa que ele reage muito bem ao oxigênio e será um vinho que pede o decanter. Alguns vinhos inclusive pedem mais oxigênio e são decantados com uma hora e meia de antecedência, as vezes até duas horas, afinal de contas o vinho conta uma história... haja fôlego. 

O decanter surgiu da idéia de separar fragmentos dos tintos quando estão há muito tempo guardados, daí vem a palavra decantar. Muitas vezes se forma uma borra no fundo da garrafa, e para este processo de separação é preciso ter experiência e prática ao passar o vinho pelo decanter e evitar, com muito cuidado, que os sedimentos da garrafa passem para ele, manuseando a garrafa sem mexer, sem agitar as partículas e sedimentos. 

O segundo passo deste processo é usar um ponto de luz no gargalo, e para isso é preciso retirar totalmente a cápsula. Com o auxílio da luz sabe-se o momento exato de parar de colocar o vinho no decanter assim que se enxerga o primeiro fio de borra no gargalo.

Lembrando que o recipiente em que vai se passar o vinho deve ser transparente, de preferência de cristal (assim como a taça), com a base da garrafa larga e a boca afunilada para a aeração ocorrer. Lembrando que a diferença entre decantar e aerar é que um se usa o ponto de luz para evitar o sedimentos e o outro apenas serve para o vinho "respirar". 

Agora, se o vinho é jovem, de giro e sem muita personalidade, esqueça esse processo todo... afinal, como já dizia Jorge Lucki: "são vinhos para beber rápido e esquecer rápido".

Boa Degustação! 



quinta-feira, 22 de março de 2012

Quando o gibi e o vinho se encontram

Sabe o mangá, aquele gibi japonês? Pois bem, é um gibi nem sempre voltado para crianças, há também a versão mangá para um público adulto, que são simplesmente fissurados, devoradores fanáticos e quase compulsivos do gênero.

Agora junte fãs de mangá com entusiastas do vinho e o resultado é o sucesso "The Drops of God", um mangá que está dando muito o que falar e virou febre na Ásia.

De forma resumida, conta a história de um rapaz educado pelo pai severo mas que ficam anos sem se falar. Quando o pai morre, deixa uma herança mas com exigências e condições, entre elas a de identificar os 12 melhores vinhos do mundo, chamados por ele de "os 12 Apóstolos", e haveria ainda um décimo terceiro vinho tão bom que seria o tal Gotas de Deus. E então o rapaz, junto com seus amigos, têm de sair pelo mundo atrás dos 13 vinhos, superando alguns desafios e concorrentes. Super!

Poderia ser apenas uma historinha tola, mas o bacana é que todos os vinhos citados na história são reais, com rótulos reais, fazendo citações de lugares reais e entrando detalhadamente em todos os procedimentos, técnicas, características, variedades e terminologias do mundo dos vinhos. Um papo quase de nerd, mas contagiante. E de quebra, ainda transmitem tudo isso com elegância e poesia.

O interessante em The Drops of God é que serve para todos os públicos: para os experts em vinho é diversão garantida dentro de um universo bem conhecido; para os iniciantes é uma forma de aprender muito, muito mesmo, sobre os pormenores reais relacionados ao vinho; e para aqueles que não querem saber da bebida, é uma história divertida e genialmente bem contada.

Como se não bastasse, o gibi acabou gerando no Japão uma onda de devoção aos vinhos afetando produtores da França, que de repente viram a procura por seus produtos explodirem.

No link abaixo, uma interessante reportagem da BBC falando justamente sobre isso:


Boa degustação... e boa leitura!


quarta-feira, 7 de março de 2012

As mulheres e o vinho

Para comemorar e homenagear o Dia da Mulher resolvi montar um post especial sobre as grandes mulheres no mundo do vinho... e acreditem, são muitas. Em um universo predominantemente masculino como é o dos vinhos, é importante destacar os grandes nomes femininos...


DONA ANTONIA FERREIRA - A melhor forma de começar é com a grande dama do vinho do Porto, Dona Antonia Adelaide Ferreira, uma mulher empreendedora que conquistou o mercado viticultor de forma extraordinária, contribuindo muito com o desenvolvimento da região do Douro.

Nascida em 1811 em berço de viticultores, conhecida como "Ferreirinha" (sim o próprio nome que carrega o Porto Ferreirinha), Dona Antonia fez com que seu nome fosse sinônimo do Porto de grande popularidade em Portugal. Mulher humilde e com nobreza de alma, recusou muitos títulos a ela oferecidos e esteve à frente de grandes obras de caridade.


VEUVE CLICQUOT - Seguindo a linha dos grandes nomes, outro obrigatório é o de Veuve Clicquot. O famoso Champagne leva o nome de uma mulher, Nicole-Barbe Ponsardin, nascida em 16 de novembro de 1777. Casou-se com François Clicquot, que veio a falecer, deixando-a no controle da companhia que fundou, e que dividia suas atividades entre a produção de champanhe e comercialização de lã. 

Sob o comando de Madame Clicquot (ou "Veuve", viúva em francês), a companhia concentrou seu foco inteiramente na produção de champanhe, tornando-se um dos nomes mais conhecidos no meio da viticultura. Afinal, quem nunca olhou para garrafa de rótulo laranja e reconheceu de cara um dos champagnes mais famosos e conhecidos no mundo? Uma das invenções atribuídas à Madame Clicquot foi o processo do riddling rack, que seria a inclinação graduada da garrafa até a vertical. Ela e seu mestre de adega, Antoine de Müller, juntos criaram o processo usado até hoje na fabricação de champagne, o dégorgement (vide post sobre champagne).



SUZANA BALBO - Enóloga argentina, fundadora e proprietária da vinícola Dominio del Plata, Suzana Balbo é uma mulher que tenho uma enorme admiração pelos seus vinhos e seu trabalho que transparece criatividade e sensibilidade. Nos anos 80, Susana Balbo trabalhou ativamente como consultora internacional de vinhos. Na década seguinte, participou de maneira significativa na transformação dos vinhos argentinos, ajudando a trilhar um caminho na direção dos mercados internacionais, nos quais, desde então, ela e a vinícola Dominio del Plata, fundada em 1999, são presenças constantes.



FILIPA PATO - Filha de Luis Pato (dos maiores produtores de vinho de Portugal) Filipa Pato é uma criativa enóloga e à frente de excelentes vinhos. Na minha opnião ela produz um espumante fantástico, com as características dos melhores vinhos portugueses. Ainda jovem, em 2011 ganhou o grande prêmio de Melhor Produtora do Ano atribuído pela Feinschmecker, prestigiada revista gourmet alemã. A menina que cresceu brincando nas vinhas de seu pai hoje carrega duas palavras chaves para a sua criação: tradição e inovação.




LAURA CATENA - Laura Catena é filha de Nicolás Catena, vinicultor que revolucionou o vinho argentino a partir dos anos 80. Determinada e inspirada no ítalo-americano Robert Mondavi e seu império no Napa Valey, na Califórnia, Laura é uma espécie de embaixadora da vinícola do pai e é a grande representante da nova geração de produtores da Argentina.




VITÓRIA PARIENTE e VITÓRIA BENAVENDES - Vitória Pariente e Vitória Benavides dão o nome e o talento à Bodega y Vinas dos Victorias, produzinho um vinho de altíssima qualidade em denominações espanolas, um verdadeiro sucesso no mundo dos vinhos, agregando técnicas atuais modernas e aproveitam o máximo de seu terroir. São consideradas por Robert Paker a bodega revelação da Espanha em 2006.



MARIA LUZ MARIN - Quando se fala de Pinot Noir chileno, se fala de Maria Luz Marin. Elegante e extraordinária, a enóloga escolheu para seu primeiro projeto a região chilena do Vale de Leyda, situada no Vale de Santo Antonio, ao sul de Valparaiso. A escolha mostrou uma ótima intuição, já que atualmente a região está entre as duas grandes descobertas vitivinícolas do Chile nos últimos anos, junto com o Vale de Limarí, ao norte. Grande empresária que decidiu produzir vinhos de exceção em um dos países que mais cresce na produção de vinhos especiais em todo o planeta.



MADAME MAY-ELIANE - A vida de Madame May-Eliane de Lencquesaing, com suas fantásticas histórias e seu Chateau Pichon-Lalande invadido pelos nazistas durante a Segunda Guerra (fazendo com que ela participasse da resistência francesa), pode ser lido no livro "Vinho e Guerra do Casal Kladstrup" (Edit. Jorge Zahar, R$ 36,00). A paixão de Madame May Eliane por seus vinhos encanta qualquer apreciador de vinhos.




SANDRA TAVARES DA SILVA BORGES - Ah... ok, já sei... vão falar que puxo sardinhas para a terra de Fernando Pessoa, certo? Puxo sim, e se o mesmo tivesse conhecido a grande Sandra Tavares da Silva Borges com certeza teria feito algum poema a ela, afinal é considerada uma das mais belas enólogas do mundo, mas foi seu talento que conquistou o seu espaço. O vinho Quinta do Vale D. Maria 2001, produzido no Douro, foi o grande campeão de uma degustação realizada há três anos em Portugal, batendo ícones "Mouton Rothschild" e o badalado espanhol "Vega Sicília". Além de tintos e brancos, Sandra também produz um belo e poderoso Porto Vintage (a safra 2002 está comentada em cave).



RAFFAELLA BOLOGNA - Ok... e a italiana tem vez? Tem sim... Raffaella Bologna tem muito vigor, determinação e técnica de tirar o chapéu de qualquer marmanjo. Assim como Felipa Pato, ao invés de sangue ela traz vinho nas veias. Falecido há mais de uma década, seu pai, Giacomo Bologna, inventou a Barbera Barricata (foi pioneiro ao colocar vinhos dessa uva em pequenas barricas de carvalho francês), e a inseriu no cenário internacional com seu "Bricco dell Uccelone". Raffaella já conquistas fãs por seu estilo contemporâneo especial.











BARONESA PHILIPPINE DE ROTHSCHILD - Deixando para o final da minha homenagem, erguemos a taça para a grande Baronesa Philippine Mathilde Camille de Rothschild, filha do lendário Baron Philipe, um dos maiores ícones do mundo do vinho. A história que Philippine passa pela Segunda Guerra Mundial e é mais tensa do que a de Madame May. Capturada pelos nazistas, sua mãe faleceu no campo de concentração em Ravensbrück (o mesmo onde Olga Benário, mulher de Carlos Prestes, ficou), em 1945. Philippine herdou do pai a personalidade excêntrica e conseguiu manter o prestígio do Chateau Mouton Rothschild após a morte do barão, em 1988. Falar desse vinho é chover no molhado, de tão bom que é.

Além do Mouton, ela produz na mesma região os prestigiados "D'Armailhac", ex-Chateau Baronne Philippe, e "Clerc Milon", que está entre os vinhos de melhor custo benefício de Bordeaux, valendo muito a pena conhecer. Tudo isso sem contar o ordinário porém famoso "Mouton Cadet". Como se não bastasse toda este currículo fantástico, a baronesa deu sequência ao projeto franco-americano de seu pai no famoso e contestado Opus One, na Califórnia, em parceria com ninguém menos que Robert Mondavi, e esteve à frente do suntuoso projeto Almaviva, obviamente o vinho mais cobiçado do Chile, em parceria com a família Guilisasti da Concha y Toro.



Agora fale a verdade, lugar de mulher é na cozinha ou na adega ?

Boa Degustação... e Feliz Dia da Mulher!




OBS: partes deste texto foram retirados da Revista Adega, do qual agradecemos a colaboração:  
http://revistaadega.uol.com.br/Edicoes/11/artigo27172-1.asp

terça-feira, 6 de março de 2012

Terroir: não é só terra

Um dos assuntos que mais causam dúvidas e questionamentos é o conceito do TERROIR, termo francês que significa um conjunto de fatores que contribuem para a identidade do vinho, em especial referentes ao local, solo, topografia, sol que recebe e clima onde o vinhedo foi plantado.

Todo grande vinho tem um caráter único, e é isso que diferencia uns dos outros, afinal vinho tem vida, tem personalidade e tem identidade, identidade esta que vem das características de onde a uva foi plantada... mas como isso se dá, afinal?

Há quem defenda o conceito do terroir de forma extramamente correta (pelo menos do meu ponto de vista)... se buscarmos um exemplo, podemos usar um ícone do mundo do vinho: a inquestionável vinícola Domaine de la Romanée-Conti, instalada na Borgonha, França.

Ela é proprietária de seis parcelas diferentes de terra, quatro delas vizinhas e outras duas a mil metros de distância, todas produzindo a mesma uva Pinot Noir, com as vinhas cultivadas da mesma forma, todas com o mesmo cuidado e vinificadas de modo idêntico... mas produzindo seis vinhos tintos completamente diferentes, cada um com sua identidade retirada de seu terroir.

Isto está longe de ser produto de marketing (como muitos imaginam): o vinho Romanée-Conti há seculos já se destacava dos outros Pinots da Borgonha, tendo por isso seu perímetro destacado desde 1521... seria mera coincidência? Obviamente que não, isso é efeito do terroir utilizado.

Outro exemplo de terroir como parte fundamental da produção dos grandes vinhos são as uvas Tempranillos plantadas em Rioja e em Ribera del Duero, na Espanha. Essas duas regiões produzem os mesmos vinhos, com as mesmas uvas, mas com características totalmente diferentes. 

O mesmo acontece na Itália com a uva Nebbiolo na produção do grande e potente Barolo, que se transforma em um vinho mais macio na região de La Morra. Já na região de Serralunga D´Alba a mesma uva se apresenta com seu tanino intenso típico, mostrando a integral harmonia do homem, vinha e natureza... se existe mágica no mundo então seu nome é terroir.

Uma das questões que levam o conceito terroir a ser questionado são os novos países produtores, que se baseam na descomplicação do conceito para minar a posição do mercado europeu, que até então eram os "donos da bola" na competição da importação. 

O jogo funciona assim: a Europa defende que os vinhos se tornam iguais e banais quando não têm personalidade e característica própria, sendo apenas clonados e sem expressão quando se despreza o terroir. Já os novos produtores (normalmente do novo mundo) alfinetam chamando o terroir de jogada de marketing para os europeus priorizarem um mercado, e esses novos produtores querem suas produções baseadas apenas nas uvas e produtores, e nada de denominação de terroir.

Bem, agora cabe ao consumidor escolher o que mais lhe agrada conhecer e respeitar. Se pensarmos que qualquer uva produzida em qualquer solo daria um bom vinho dependendo exclusivamente do produtor e da uva, então, fazendo um paralelo, qualquer país com um pedaço de terra poderia ser produtor de café e deixar o Brasil longe... já imaginou o vinho do Porto sendo produzido em outro lugar que não Portugal?

Assim sendo vale a pena refletir...

Boa Degustação!


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Para não tropeçar nas compras

Quem é que nunca passou por aquele mico de ir a um mercado, procurar por um bom vinho, comprar uma garrafa no escuro ("para experimentar") e descobrir que o tempo não volta mais quando fazemos trapalhadas...

Na compra de um vinho, alguns detalhes devem ser sempre lembrados. De duas uma: ou você tem um sommelier pocket (acredite, eu já quis ter um) ou você fica atento à certas dicas na hora de escolher sua garrafa.

Hoje existem muitos livros e profissionais com formação para ajudar, e o que antes era para poucos agora está de fácil acesso em qualquer prateleira de mercado ou supermercado.

Claro que é legal saber mais sobre o vinho que se pretende comprar pesquisando na internet, em revistas especializadas ou até com aquele seu amigo enófilo ou sommelier... mas mesmo com esta avalanche de informações, o importante mesmo na hora de comprar é ficar ligado nos detalhes da garrafa.

Já foi a época em que o Brasil só queria saber de Sangue de Boi e o tal alemão da garrafa azul (que os alemães sempre detestaram e só era vendido para o Brasil aos baldes, para surpresa deles próprios). Hoje em dia encontramos uma variedade imensa de castas, vinículas e produtores de qualidade ao alcance das mãos.


MERCADOS: BONS, MAS NEM SEMPRE ADEQUADOS

Já reparou que a maioria dos mercados não estão preocupados com a conservação da garrafa de vinho? Sim, normalmente estão expostos à luz, ao barulho e as garrafas ficam em pé.

Não que isso seja um grande problema para vinhos de "giro", ou seja, aqueles vinhos comerciais que vendem fácil e rápido. Porém, se resolver comprar um bom vinho em um mercado ou supermercado, fique atento a detalhes como:

- coloração dos vinhos brancos (evite se estiverem amarelos, mais para o ambar, pois isto é sinal de oxidação)
- rolhas mal conservadas (podem estar ressecadas pela posição das garrafas) 
- dê preferência às safras jovens... se for branco, o ideal é ter menos de 4 anos.


PREÇO, UM BOM INDICADOR

Parece arrogância, mas não é: sim, o preço ajuda na escolha. Não que um vinho precise ser caro para ser bom, porém se pensar em um vinho europeu, mais impostos, mais todos os trâmites até o vinho chegar à prateleira, então vinho estrangeiro muito barato é indicativo de inferioridade.

Se não quer gastar muito, então fique com o meio termo. Se você não conhece muito sobre produtor, região ou vinícula, vá pelos vinhos de preço justo. Porém não avacalhe, não é a toa que Sangue de Boi custa o que que custa e o Romanee Conti custa mil vezes mais.

Lembre-se que para produzir um vinho de forma decente custa dinheiro, e no caso do Brasil ainda tem a agravante do imposto absurdo, então a dica fica para a escolha de vinhos do novo mundo, principalmente Chile e Argentina na média de R$ 39,00 até R$ 60,00, já que se consegue bons vinhos nessa faixa de preço.

Observação: na Europa, em qualquer supermercado básico é possível encontrar ótimos vinhos por menos da metade dos preços cobrados no Brasil. No caso dos vinhos do Porto é uma baixaria, pois é possível encontrar em supermercados de Portugal vinhos a preços 5 vezes menos que no Brasil. Por isso, se estiver no exterior, aproveite...


HARMONIZAÇÃO 

Você não precisa ser um super-mega especialista para harmonizar vinho com comida, basta ficar atento ao contra-rótulo dos vinhos, principalmente naqueles do novo mundo, já que normalmente vêm com dicas de como harmonizá-los: brancos com peixes, tintos com carnes, e por aí vai.


QUANTAS GARRAFAS LEVAR?

Bem, se você não conhece o vinho e não tem nenhuma indicação de um amigo, mas o atendente ou sommelier lhe deu alguma dica, leve só uma garrafa... se gostar, volte e leve mais. A melhor forma de saber se gosta é provando.


NO JANTAR COM AMIGOS, QUAL A QUANTIDADE CERTA DE VINHO?

A matemática é simples: sempre pense em três pessoas por garrafa. Se a turma beber pouco, faça o cálculo de quatro por garrafa, mais do que isso não é confortavel e vai faltar.


ONDE COMPRAR

Na hora da compra, escolha mercados que tenham atendentes de vinhos (ou em alguns casos até mesmo sommelier) isso é sinal de que os vinhos estão sendo cuidados e observados.

Se puder compre em adegas ou importadoras, hoje a oferta é grande e verdadeiros achados são encontrados por aí a preços muito acessíveis, mas lembre-se: vinho é alimento, estraga e pode lhe tirar todo o prazer de uma boa degustação. Por isso fique atento e divirta-se com a bebida de Baco.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Entrevista com Livia Novais e chef Douglas Pes

Entrevista bacana concedida recentemente ao programa Roteiro Perfeito com o chef Douglas Pes e a sommelière Livia Novais (sim, eu mesma), apresentando o Divino Ristorante, onde estamos desenvolvendo um grande trabalho de remodelação da adega e da carta de vinhos. 

Se forem ao Divino não deixem de me procurar, será um prazer conversarmos. Nos encontramos por lá.   :o)




http://www.youtube.com/watch?v=GKCTb-ys2o4

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A grande confusão: Champagnes, Espumantes e Frisantes

Responda rápido: você sabe a diferença entre champagne, espumante e frisante? Então vamos lá...

CHAMPAGNE: é um vinho branco espumante produzido na região francesa de Champagne, daí a bebida levar este nome, e sua produção é feita basicamente das uvas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier (para informações detalhadas, veja o post anterior). Todo champagne é um espumante, mas nem todo espumante é um champagne.

ESPUMANTE: um vinho espumante com alta acidez, produzindo CO2 por dois métodos, o Champenoise (metodo tradicional) e o Charmat (cuba fechada), e sua escala de doçura se iguala a escala usada para os champagnes.

FRISANTE: é um vinho bem simples, tem um sabor mais adocicado (apesar de não ser uma regra), quase sempre gaseificado artificialmente com pressão de CO2 bem mais baixa do que o espumante. O custo de produção é baixo e costumam ser baratos. Um dos frisantes mais conhecidos é o Lambrusco, feito da uva lambrusco na região da Itália chamada Dell Emilia. Na Itália se produz alguns lambruscos de qualidade, porém não preciso contar que eles não chegam no Brasil. Sabe aquela famosa Sidra que você dá todos os anos ao seu porteiro? Sim, é um frisante, mas um fermentado popular feito de maçã e não de uvas e, para a surpresa de alguns desatentos, não é champagne nem em sonhos...

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OS MÉTODOS

MÉTODO CHAMPENOISE (método tradicional ou clássico): com certeza é considerado aquele com melhor resultado, ocorrendo duas fermentações durante o processo, sendo a segunda na garrafa (mais uma vez, consulte o post anterior sobre champagne, onde explicamos os detalhes deste processo). 

MÉTODO CHARMAT (cuba fechada): após o acréscimo de licor de expedição, sofre uma segunda fermentação em tanques de aço e não em garrafas como no metódo champagne. Depois de resfriados, filtrados e transferidos sob pressão para uma segunda cuba, é adoçado com o licor de expedição e engarrafados. É uma forma mais simples e barata de produção de espumante. No Brasil, a casa Chandon usa o charmat com muito sucesso.

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OS MELHORES ESPUMANTES (não champagnes)

Praticamente toda região que produz vinho, produz espumantes. Na França, temos os vinhos de Mousseaux, os famosos Crémant (de Bourgogne, de Bordeaux e do Loire), e na Provence, o antecessor do champagne, Blanquette (de Limoux).

Na Alemanha e Áustria, os espumantes SEKT usam a uva Riesling, obtendo uma mineralidade esplêndida.

Na Itália, temos o espumante Franciacorta, que é produzido a partir das uvas Chardonnay e Pinot Blanc, com 15% de Pinot Noir. O rosé deve possuir mais de 15% de Pinot Noir. O Spumanti d’Asti é um vinho espumante produzido na comuna de Asti, no Piemonte. O espumante tem um sabor doce, único, que lembra damasco, almiscar e o suco da uva moscato.

Na Espanha, quem tiver a oportunidade de conhecer Barcelona, além de ver a beleza da cidade, o agito cultural e obras de Gaudi, não deve deixar de degustar o tesouro vinícula da Catalunha, o Cava. O tradicional espumante espanhol é um espumante cheio de história e tradição, e também elaborado pelo metodo do querido monge Dom Perignon, o champenoise.

E no novo mundo? A Austrália, além de ser surpreendente com seus vinhos, também garante uma seleção de espumantes interessantíssimos da terra dos cangurus, como por exemplo o Dominique Portet Yarra Valley, um Brut Rosé feito de Pinot Noir com Chardonnay que tem preço e qualidade. Como também o Chile, a Argentina e a California, produzindo bons espumantes nas grandes vinículas.

E o Brasil... tem surpreendido na arte de fabricar bons espumantes. Considerado o terceiro maior produtor de vinho da América do Sul, as regiões vinículas do país do futebol tem sua concentração de produção de vinhos no sul do país, mais precisamente na Serra Gaúcha devido ao seu clima, e tem se mostrado excelente na produção de espumantes... por exemplo: Cave Geisse, Bueno, Millesseme da Miolo, Estrelas do Brasil, Pizzato, Casa Valduga e Moscateis, que com certeza têm uma qualidade muito próxima ou até igual às das Astis italianas.

Recentemente li na Revista Menu de novembro de 2011 uma matéria sobre a Cave Geisse (para mim um dos melhores espumantes do Brasil), onde o título da matéria era "Garrafas com Historias", e a espumante está entre grandes nomes, podendo citar a seleção:

- Barca Velha - Douro, Portugal
- Cave Geisse Brut - Serra Gaucha, Pinto Bandeira, Brasil
- Chateau D'Yquem - Sauternes, França
- Grange - South Australia
- Henriques & Henriques Century Malmsey 1900 Soleira - Madeira, Portugal
- Chateau Haut-Brion - Boudeax, França
- Krug Clos Du Mesmil - Champagne, França
- Domaine de La Romanée Conti - Borgonha, Fança
- Sassicaia - Toscana, Italia
- Quinta do Noval Nacional - Douro, Portugal

Então com muito orgulho encerro este post, com borbulhas de estrelas brasileiras, que tem uma grande potência e promete surpreender com seus espumantes.

Boa Degustação!