sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Vinho Americano: 
Da proibição ao julgamento em Paris (e até se tornarem os donos da bola) 


A proibição tornou ilegal a produção e venda de bebidas alcoólicas em 1919.Essa `experiência louvável` foi reflexo de várias forças históricas e culturais, mas obviamente desastrosa para para a indústria vinícola do país. Após esses 14 anos "secos" a proibição influenciou dramaticamente a relação dos EUA com o álcool.Seu legado é um complexo aparato legal que regulamenta  sua comercialização.

Comercio Ilegal 
Apesar dos esforços da polícia, burlava-se a proibição e eram proibidos e vendidos vinho, cerveja e destilados. Logo surgiram vários bares ilegais, cujo o fornecimento de bebidas estava em mãos de criminosos.(existe um bar em Nova York que mantém o mesmo lay out dos móveis e a mesma decoração da época da lei seca.. vi no Globo News estes dias).


Após a proibição
A 21ª emenda da Constituição revogou a Proibição. Hoje cada Estado é responsável por seu sistema de distribuição e comércio de álcool .

Depois da tempestade ...vem a bonança!

Hoje sabemos que os EUA deram - e muito bem dado - a volta por cima. Se a produção de vinho norte americana tinha algo para mostrar,e então mostraram com eficácia e um exemplo disso foi o retratado no famoso filme Julgamento de Paris (Bottle Shock, Estados Unidos, 2008, dirigido por Randall Miller).Os amantes do vinho certamente já ouviram falar sobre a famosa degustação às cegas organizada em 24 de maio de 1976, na capital francesa, pelo crítico inglês Steven Spurrier, que deu fama e reconhecimento internacional aos tintos e brancos da Califórnia. Os tintos e brancos americanos, elaborados respectivamente com as castas Cabernet Sauvignon e Chardonnay, bateram os melhores Bordeaux tintos (em geral um blend de Cabernet Sauvignon e Merlot e, às vezes, algum Cabernet Franc) e os melhores Borgonhas brancos (feitos apenas de Chardonnay).  O evento entrou para a história como a primeira grande evidência de que países do Novo Mundo podiam fazer vinhos tão bons ou melhores do que os franceses, os reis do Velho Mundo vínico.Os vinhos americanos ganharam com espantosa vitória, dando credibilidade e mostrando que o novo mundo, pode sim, competir com o velho mundo em gênero e castas .

EUA mostra sua cara e seu gosto
Com o fim da proibição, não restava muito da renomada indústria vinícula americana: muitas empresas haviam fechado e faltavam equipamentos e enólogos preparados. Porém, um grupo liderado pela Beaulieu Vineyards e pelo vinicultor André Tchelitscheff deu início a recuperação deste campo, influenciando uma nova geração de enólogos californianos e estabelecendo, assim, um novo cenário mundial.

Nomes aos bois
Surgem assim os nomes que iriam criar a mágica que hoje conhecemos dos vinhos americanos. São eles:
André Tchelischeff (1901-94)
Nascido na Rússia e formado na França, o enológo foi quem renovou a vinícula da Beaulieu Vineyards do Vale do Napa.

Martin Ray (1905-76)
Martin Ray comprou a vinícula de Paul Masson em 1936,vendeu-a à Seagram em 1943 e estabeleceu seus próprios vinhedos no monte Edén, contrariando a lei vinícula sobre varietais 25% de outras uvas. Ele insistia em 100%,  além de ir contra o uso de aditivos e outros concentrados químicos.

Robert Mondavi (1913-2008)
Sua familia é de tradição em vinicultura, porém Mondavi percebeu, na Europa, que era preciso melhorar a qualidade de toda a Califórnia para que os vinhos pudessem competir e passou a produzir os vinhos mais sofisticados,sendo um dos nomes mais fortes na indústria vinícula dos EUA no mundo.Generoso,compartilhou e ensinou sobre suas técnicas a muitos e defendeu a responsabilidade da educação e qualidade de vida com o uso do vinho.

Warren Winiarski (1928-)
Cientista político de Chicago, mudou-se para a California e passou a ser assistente de adega de Mondavi. Mais tarde adquiriu vinhedos e seu Cabernet Sauvignon derrotou celébres concorrentes na já famosa degustação parisiense acima mencionada.

Paul Draper (1936-) 
Seu feito foi duplo: criou um vinho americano clássico com o longevo Monte Bello Cabernet Sauvignon e comprovou que a emblemática Zinfandel pode ser mais que uma uva rústica e corpulenta, dando-lhe um lugar de destaque entre as tintas desejadas do mundo.

Randall Grahm (1953-)
É o mais original e criativo dos enólogos americanos. À frente de Bonny Doon Vineyard, em Santa Cruz,, ele se concentrou nas uvas mediterrâneas do Rhone e também focou na menos célebre Riesling, revolucionando o mercado com seus diferentes vinhos.

Agora que já sabem um pouco sobre esta indústria tão inovadora e que venceu uma luta de leis, perdas e chegaram vitoriosos os vinhos americanos, merecem e muito um espaço na adega de cada degustador que se preze... 

Boa Degustação!!!

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