terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A grande confusão: Champagnes, Espumantes e Frisantes

Responda rápido: você sabe a diferença entre champagne, espumante e frisante? Então vamos lá...

CHAMPAGNE: é um vinho branco espumante produzido na região francesa de Champagne, daí a bebida levar este nome, e sua produção é feita basicamente das uvas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier (para informações detalhadas, veja o post anterior). Todo champagne é um espumante, mas nem todo espumante é um champagne.

ESPUMANTE: um vinho espumante com alta acidez, produzindo CO2 por dois métodos, o Champenoise (metodo tradicional) e o Charmat (cuba fechada), e sua escala de doçura se iguala a escala usada para os champagnes.

FRISANTE: é um vinho bem simples, tem um sabor mais adocicado (apesar de não ser uma regra), quase sempre gaseificado artificialmente com pressão de CO2 bem mais baixa do que o espumante. O custo de produção é baixo e costumam ser baratos. Um dos frisantes mais conhecidos é o Lambrusco, feito da uva lambrusco na região da Itália chamada Dell Emilia. Na Itália se produz alguns lambruscos de qualidade, porém não preciso contar que eles não chegam no Brasil. Sabe aquela famosa Sidra que você dá todos os anos ao seu porteiro? Sim, é um frisante, mas um fermentado popular feito de maçã e não de uvas e, para a surpresa de alguns desatentos, não é champagne nem em sonhos...

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OS MÉTODOS

MÉTODO CHAMPENOISE (método tradicional ou clássico): com certeza é considerado aquele com melhor resultado, ocorrendo duas fermentações durante o processo, sendo a segunda na garrafa (mais uma vez, consulte o post anterior sobre champagne, onde explicamos os detalhes deste processo). 

MÉTODO CHARMAT (cuba fechada): após o acréscimo de licor de expedição, sofre uma segunda fermentação em tanques de aço e não em garrafas como no metódo champagne. Depois de resfriados, filtrados e transferidos sob pressão para uma segunda cuba, é adoçado com o licor de expedição e engarrafados. É uma forma mais simples e barata de produção de espumante. No Brasil, a casa Chandon usa o charmat com muito sucesso.

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OS MELHORES ESPUMANTES (não champagnes)

Praticamente toda região que produz vinho, produz espumantes. Na França, temos os vinhos de Mousseaux, os famosos Crémant (de Bourgogne, de Bordeaux e do Loire), e na Provence, o antecessor do champagne, Blanquette (de Limoux).

Na Alemanha e Áustria, os espumantes SEKT usam a uva Riesling, obtendo uma mineralidade esplêndida.

Na Itália, temos o espumante Franciacorta, que é produzido a partir das uvas Chardonnay e Pinot Blanc, com 15% de Pinot Noir. O rosé deve possuir mais de 15% de Pinot Noir. O Spumanti d’Asti é um vinho espumante produzido na comuna de Asti, no Piemonte. O espumante tem um sabor doce, único, que lembra damasco, almiscar e o suco da uva moscato.

Na Espanha, quem tiver a oportunidade de conhecer Barcelona, além de ver a beleza da cidade, o agito cultural e obras de Gaudi, não deve deixar de degustar o tesouro vinícula da Catalunha, o Cava. O tradicional espumante espanhol é um espumante cheio de história e tradição, e também elaborado pelo metodo do querido monge Dom Perignon, o champenoise.

E no novo mundo? A Austrália, além de ser surpreendente com seus vinhos, também garante uma seleção de espumantes interessantíssimos da terra dos cangurus, como por exemplo o Dominique Portet Yarra Valley, um Brut Rosé feito de Pinot Noir com Chardonnay que tem preço e qualidade. Como também o Chile, a Argentina e a California, produzindo bons espumantes nas grandes vinículas.

E o Brasil... tem surpreendido na arte de fabricar bons espumantes. Considerado o terceiro maior produtor de vinho da América do Sul, as regiões vinículas do país do futebol tem sua concentração de produção de vinhos no sul do país, mais precisamente na Serra Gaúcha devido ao seu clima, e tem se mostrado excelente na produção de espumantes... por exemplo: Cave Geisse, Bueno, Millesseme da Miolo, Estrelas do Brasil, Pizzato, Casa Valduga e Moscateis, que com certeza têm uma qualidade muito próxima ou até igual às das Astis italianas.

Recentemente li na Revista Menu de novembro de 2011 uma matéria sobre a Cave Geisse (para mim um dos melhores espumantes do Brasil), onde o título da matéria era "Garrafas com Historias", e a espumante está entre grandes nomes, podendo citar a seleção:

- Barca Velha - Douro, Portugal
- Cave Geisse Brut - Serra Gaucha, Pinto Bandeira, Brasil
- Chateau D'Yquem - Sauternes, França
- Grange - South Australia
- Henriques & Henriques Century Malmsey 1900 Soleira - Madeira, Portugal
- Chateau Haut-Brion - Boudeax, França
- Krug Clos Du Mesmil - Champagne, França
- Domaine de La Romanée Conti - Borgonha, Fança
- Sassicaia - Toscana, Italia
- Quinta do Noval Nacional - Douro, Portugal

Então com muito orgulho encerro este post, com borbulhas de estrelas brasileiras, que tem uma grande potência e promete surpreender com seus espumantes.

Boa Degustação!


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